D. António Vitalino e D. João Marcos alertam para mundo cada vez mais «desigual»
Beja, 19 dez 2014 (Ecclesia) – Os bispos de Beja assinam este ano uma mensagem de Natal conjunta, na qual referem que ainda hoje existem “berços de oiro e estábulos” e apelam ao despojamento, para um mundo de “irmãos e não escravos”.
“Uns nasceram em berços de oiro e outros em estábulos. Com Ele [Jesus], para quem nele acredita e conhece a sua história, começa a grande reviravolta dos critérios de felicidade da maioria das pessoas, afinal não é pela riqueza material que podemos salvar-nos e salvar os outros”, escrevem o bispo de Beja e o bispo coadjutor, respetivamente D. António Vitalino e D. João Marcos.
Desta forma, é pelo despojamento dos bens materiais e pessoal que cada um adquire “a capacidade” de se irmanar, ser feliz e de fazer a “festa que dá alegria profunda e duradoira”.
Com a proximidade do dia de Natal, e início de mais um ano, trocam-se mensagens e presentes com votos de festas felizes, “muitas vezes só entre familiares e amigos”.
“Festas felizes! Que felicidade, que festas, num mundo tão desigual?!”, perguntam os prelados na mensagem intitulada ‘Irmãos e não escravos’.
Neste contexto, para que se possa desejar votos de feliz Natal e Ano Novo, “com verdade”, D. António Vitalino e D. João Marcos aconselham a leitura da mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1 de janeiro de 2015, do Papa Francisco intitulada ‘Já não escravos, mas irmãos’.
“Cada frase desta mensagem pode dar origem a um profundo exame de consciência pessoal e coletivo e contribuir para humanizar a nossa sociedade e tornar-nos mais fraternos, mais irmãos, mais felizes”, comentam.
Os prelados alertam que num mundo de grande mobilidade, “motivada quase sempre por razões económicas”, as pessoas, as sociedades e os Estados precisam de dedicar “grande atenção” ao acolhimento dos migrantes para que “não sejam escravizados” através das mais diversas formas, por exemplo: “Contratos de trabalho; tráfico de órgão ou exploração sexual.”
“Quem assim procede com as crianças, os estrangeiros e os pobres, como pode celebrar o Natal de Jesus?”, interrogam mais uma vez.
A mensagem que cita a sabedoria popular – água mole em pedra dura tanto dá até que fura – apela à celebração do Natal, a recordar o nascimento de Jesus, a Sua vida e o que Ele disse porque com os “lindos cantares de Natal; o costume da ceia em família; os presépios; as orações e liturgias” e os gestos de solidariedade, entre outros, tudo contribui para que “vá surgindo uma nova sociedade, mais igual, mais fraterna, mais justa e feliz”.
CB/OC