Balanço de vítimas é provisório e autoridades adiantam que ataques foram «coordenados»
Lisboa, 27 dez 2023 (Ecclesia) – Pelo menos 160 pessoas morreram e cerca de 300 ficaram feridas na sequência de uma série de ataques armados, entre 23 e 25 de dezembro, que atingiram várias aldeias no estado de Perenau, na região centro da Nigéria.
De acordo com informação divulgada hoje pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), apesar de ainda não serem conhecidos os pormenores da violência que deixou um rasto de destruição – centenas de vítimas e cerca de duas centenas de casas destruídas – o Plateau é um dos estados que mais têm sido afetados ao longo dos últimos anos por tensões étnicas e religiosas.
Há a informação adiantada pelas autoridades de que os ataques foram “coordenados”.
O governador do estado de Plateau, Caleb Mutfwang, já reagiu, tendo descrito o ataque como “bárbaro, brutal e desnecessário”, lamentando o facto de que este terá sido um “Natal muito assustador” para as populações locais, informam as agências internacionais de notícias citadas pela AIS.
O balanço de mortos e feridos nas cerca de 20 aldeias é ainda provisório; muitas das pessoas feridas tiveram de ser levadas para unidades hospitalares locais.
Nos últimos anos, têm-se registado ataques sistemáticos por parte de pastores nómadas fulani contra as comunidades locais de agricultores maioritariamente pertencentes à comunidade cristã.
Para juntar à tensão existente na região, a AIS dá conta que “a Nigéria tem sido palco de enorme violência por parte de organizações terroristas, nomeadamente o Boko Haram – que atua principalmente no nordeste do país, onde procura a instauração de um ‘califado’ – e ainda de inúmeros grupos armados responsáveis por assaltos e muito particularmente pelo rapto de pessoas”.
A ONG nigeriana Intersociety divulgou em agosto de 2021 que 43 mil cristãos foram mortos por jihadistas nigerianos em 12 anos, 18 500 desapareceram permanentemente, 17 500 igrejas foram atacadas, 2000 escolas cristãs foram destruídas, 10 milhões foram desenraizados no Norte, seis milhões foram forçados a fugir e quatro milhões são deslocados internos.
A fundação pontifícia lançou o Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2023, que explicou que as raízes da violência levada a cabo na região dos ataques na época do Natal na Nigéria “são complicadas de traduzir”, “embora se trate sobretudo de uma luta pelos recursos (terra e água) com elementos étnicos, políticos e religiosos”.
“Uma luta que opõe sobretudo pastores nómadas fulani, maioritariamente muçulmanos, e agricultores tradicionais, principalmente cristãos”, alerta a AIS.
LJ/OC