Natal: «As trevas ainda cobrem muitos corações e vasto mundo», afirma bispo do Porto

D. Manuel Linda destacou «guerras de destruição avassaladora e total» e «fome crescente e solidariedade decrescente»

Catedral do Porto
Foto: Voz Portucalense

Porto, 29 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo do Porto presidiu, no dia 25 de dezembro, na Catedral da cidade invicta, à Eucaristia da Solenidade do Natal do Senhor, na qual afirmou que “as trevas ainda cobrem muitos corações e vasto mundo”.

D. Manuel Linda partiu do Evangelho de São João, salientando as palavras que o predominam, uma das quais as “trevas”, para expor a forma como continuam a estar presentes nos dias de hoje.

Há filhos que matam os pais e pais que matam os filhos; há comércios e indústrias de morte, especialmente com o narcotráfico; há um crescente narcisismo individual sem preocupações com a sorte do irmão; há guerras de destruição avassaladora e total, indignas de quem possui o mínimo de sentimentos humanos; há fome crescente e solidariedade decrescente; há desinteresse pela sorte dos mais fracos e legislação para o senhorio total do poder económico; há destruição da natureza e sentimento de que ‘quem cá ficar que se arranje’”.

Ainda assim, na homilia divulgada pela Diocese do Porto, o bispo assinalou que “Deus é paciente, sabe esperar e inverte esta mentalidade”.

“Ao nascer em nossa carne, edifica um novo mundo de vida e futuro. Nascer é sempre uma rutura com a morte e um desafio a ela. Nascer é a instauração da vida onde ela não está”, destacou, acrescentando que Cristo nasce para que “toda a humanidade nasça”.

“O nascimento de Jesus requer o meu nascimento: que eu nasça novo e diferente. Ser de vida e não de morte. Ser de amor criador e não de ódios assassinos ou de indiferença que mata pelo desinteresse”, indicou.

O bispo do Porto fez referência ao facto de que ao longo de milénios, no tempo atual e sempre, “a humanidade busca um modelo ou protótipo do homem autêntico, completo, não fraturado, total, afável e dedicado, responsável e realizado”.

“Um padrão do qual todos nós possamos copiar ser e atitudes. Ora, aqui o temos: é Jesus! Jesus é a nossa identidade, a completa beleza de Deus visível ao homem. O Natal não é, portanto, apenas o anúncio de um Deus feito carne humana, mas a afirmação solene de que o nosso ser de corpo e alma se pode tornar como Deus”, manifestou.

Para D. Manuel Linda, “Jesus, o rosto amoroso de Deus é também o rosto do homem perfeito” e “é neste homem novo que se cumpre o plano de Deus para o mundo”.

“O amor dos esposos, a dedicação aos velhinhos e aos frágeis, a generosidade do perdão, a força dos pacificadores e obreiros da paz […] todos eles exprimem, a seu modo, esta parecença com Jesus no seu ser de amor e solidariedade, fé e presença, dom e liberdade. E tudo isto gera a alegria, tão típica do Natal e que constitui o alicerce do nosso plano pastoral”, evidenciou.

Segundo o bispo diocesano, “há motivos para a alegria”: “Se a luz se tem de confrontar com o poder das trevas, estas jamais a venceram ou vencerão. Verdadeiramente, a luz resplandece nas trevas. E nisto consiste a vocação cristã: ser luz no Senhor, caminhar na luz e comportar-se como filho da luz”.

D. Manuel Linda concluiu desejando um “feliz Natal no rosto que revela o homem ao próprio homem”.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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