Lisboa, 26 dez 2013 (Ecclesia) – O jesuíta Vasco Pinto Magalhães disse à Agência ECCLESIA, que a alegria do Natal é “ânimo interior” e significa “vontade de viver”, celebrando o nascimento de Jesus.
“É a festa da alegria, mas para um cristão a grande alegria vem com a ressurreição. Uma das coisas que nos tira a alegria é não ter visão de conjunto e ter as coisas separadas por blocos estanques porque a alegria é o ânimo interior”, assinala o religioso da Companhia de Jesus.
O sacerdote considera que a palavra “alegria” se “estragou” ao longo dos anos “por ser conotada com “estar divertido, sem problemas, bem-disposto” mas alerta que a alegria cristã significa a “vontade de viver”.
“Não significa ausência de tristeza, passar ao lado dos problemas, vida fácil mas a capacidade de atravessar os momentos agradáveis e desagradáveis, os sofrimentos e as consolações numa atitude de ânimo construtivo”, precisa o autor de várias obras de espiritualidade cristã.
Nesse sentido, a relação entre o Natal de Jesus e essa atitude de alegria existe porque este nascimento “traz a esperança” de que “vale a pena ser gente”, uma vez que “aponta para o futuro”, revela o padre Vasco Pinto Magalhães.
“É uma atitude que também tem a ver com a vontade, com o sentido por isso pode-se estar alegre no meio de uma grande tristeza, e até com lágrimas e no meio de um luto”, desenvolve.
Para o autor, “não se pode” estar ao mesmo tempo “alegre e pessimista ou descrente/derrotista de que vale a pena viver”, porque essa é uma das “grandes doenças da humanidade”.
“Quando a gente põe a expetativa de vida no lugar errado vai pagar as consequências mas se ponho a minha expetativa de futuro e de realização no amor, na verdade, na justiça então surge aquilo que para um cristão é a alegria”, prossegue.
Segundo o padre Vasco Pinto Magalhães existem três coisas muito importantes no Natal que é a fonte desta alegria: “Aponta um caminho; acompanha nesse caminho e é ajuda interior para caminhar”.
Uma alegria que é também revelada pelo Papa Francisco na exortação apostólica, ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho): “Um evangelho força interior que vem de quem recebeu e se abriu a esta maneira de entender a vida, a esta fé”, explica.
O padre jesuíta considera que a exortação apostólica, “tão forte e prática”, parte da Páscoa que “é a grande fonte da alegria onde se descodifica o Natal”.
“Há um grande apelo a repensar uma série de coisas” como uma “sociedade de menos exclusão” e de “maior integração das diferenças” que não significa que seja “uma espécie de sincretismo, de vale tudo” mas “um apelo a integrar com critérios”, conclui o sacerdote, que marcou presença desde terça-feira no Programa ECCLESIA (RTP2, 18h00) para falar sobre a celebração do Natal.
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