Natal: Abrir o coração à «surpresa de Deus»

Padre e poeta Tolentino Mendonça fala do encontro «decisivo» entre a humanidade e o divino

Lisboa, 25 dez 2015 (Ecclesia) – O padre e poeta Tolentino Mendonça considera que a celebração do Natal é um convite para a abertura à “surpresa” de Deus e para celebrar o encontro entre a humanidade e o divino.

“É um encontro decisivo, Deus veio ao encontro do homem para que o homem se divinize, para que o homem sinta a experiência de Deus”, refere em entrevista que pode ser vista hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) e capelão da Capela do Rato fala num “momento maior” da própria vida.

“Nós dizemos que há um antes e um depois deste momento que é o Mistério da Encarnação, em que a certeza de que Deus está connosco de uma forma tangível, palpável, próxima, porque Ele toma a nossa condição de facto e investe a nossa vida de outra esperança, com significado. Podemos dizer que a nossa finitude se alarga até ao infinito de Deus”, precisa.

Esta “boa notícia” que os cristãos anunciam apresenta-se como resposta às “grandes questões do coração humano”, de forma inesperada.

“Nós vemos as personagens do presépio foram todas apanhadas pela surpresa, os pastores, os últimos, que contavam com aquela notícia que vem dos céus também foram contaminados por essa surpresa e essa alegria”, precisa Tolentino Mendonça.

Para o sacerdote madeirense, o “mistério do presépio” não está nas caixas onde anualmente se arrumam as imagens.

“Elas ganham vida e ganham uma vida de uma forma que nos vai sempre surpreender: é interessante que falando há dias com uma amiga ela dizia que ao longo dos anos, desde que fazia isso com a avó e a mãe, sempre que desembrulhava as figuras do presépio, elas pareciam mais pequeninas porque aos olhos de crianças as figuras são enormes, têm uma dimensão”, exemplifica.

A este crescimento contrapõe-se um “Deus pequeno, esse Deus criança” que não deixa de surpreender.

“Não deixa de vir ao nosso encontro de uma forma sempre nova e, por isso, vale a pena parar diante do presépio”, acrescenta Tolentino Mendonça.

Para o biblista, o Natal é uma história “aberta”, porque as figuras do presépio não são apenas as que se podem ver.

“O presépio somos nós. Não há hesitações em relação a isso. Onde é que Jesus nasce? Nasce no coração de cada um de nós”, realça.

Nesse sentido, o padre Tolentino Mendonça alude à importância da “qualidade humana” que se deve emprestar à celebração das horas de Natal, algo que “vai marcar, que vai perfumar a vida para o resto do ano e, porventura, para sempre”.

“Por isso, vale muito a pena aproveitar o tempo, este dia, porque é verdade que ele passa e parece que o Natal acaba. Não acaba, cabe a cada um de nós a tarefa de continuá-lo de outra forma, com outra linguagem mas com a mesma esperança, a mesma alegria”, prossegue.

Para viver este nascimento de Jesus, sublinha o sacerdote, basta “abrir o coração”.

“O Natal é um dom de Deus e para isso há apenas que dispor as mãos abertas e juntas como se fosse uma manjedoura”, conclui.

PR/CB/OC

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