Padre Gabriel Romanelli explica que paróquia católica procura «constantemente acender uma chama de esperança»
Lisboa, 30 dez 2025 (Ecclesia) – O responsável pela paróquia católica da Sagrada Família em Gaza, na Palestina, afirmou que “a paz ainda não chegou”, e alertou para os problemas na eletricidade, na água, na saúde, numa mensagem à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“Muitas pessoas dizem que a guerra vai acabar, mas ainda não acabou. E, portanto, a paz ainda não chegou; [habitantes] não conseguem ver nenhum sinal claro de que a paz está a chegar”, disse o padre Gabriel Romanelli, numa mensagem à Fundação AIS Internacional, divulgada pelo secretariado português desta instituição pontifícia.
O responsável pela Paróquia da Sagrada Família em Gaza, a única paróquia católica do enclave palestiniano, explicou que “a situação está melhor do que há um mês e meio”, quando começou o cessar-fogo entre o grupo Hamas e o Governo israelita, “mas isso não significa que as coisas estejam bem”, porque “continuam muito graves, muito delicadas”.
“Faltam-nos tudo”, alerta o padre Gabriel Romanelli, a crise humanitária afeta toda a população na Faixa de Gaza, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, há dois anos que não há eletricidade, e a luz na paróquia católica deve-se a pequenos geradores e painéis solares, mas “infelizmente, a maioria das pessoas não tem acesso a eles”.
O sacerdote argentino, do Instituto do Verbo Encarnado, destaca também que a água potável quando chega aos bairros é insuficiente, e exemplifica que as pessoas “esperam uma, duas, ou até três horas para obter alguns litros, que são recolhidos em recipientes e garrafas”.
“A rede elétrica, o sistema de água e o sistema de saúde são insuficientes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde”, acrescentou o pároco da Sagrada Família de Gaza, referindo que os medicamentos são escassos e a população também “precisa desesperadamente de roupa de Inverno para o tempo frio”, porque a maioria “perdeu as suas casas e está à procura de abrigo”.
O complexo católico da Paróquia da Sagrada Família, desde o início da guerra, a 7 de outubro de 2023, continua “a ajudar dezenas de milhares de famílias, mas não é suficiente”, acolhem atualmente mais de 400 refugiados, a maioria cristãos.
“Procuramos constantemente acender uma chama de esperança”, explica o padre Gabriel Romanelli, indicando que a energia na vida espiritual provém da Missa e adoração eucarística diárias, recitação do rosário, e ofício das horas, tudo em árabe, a principal língua dos fiéis, na mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre Internacional.
A Paróquia da Sagrada Família pertence ao Patriarcado Latino de Jerusalém, e recebeu uma visita pastoral de Natal do patriarca cardeal Pierbattista Pizzaballa, entre 19 e 21 de dezembro.
Antes, destaca a Fundação AIS, o diretor-geral do Patriarcado Latino de Jerusalém, Sami El-Yousef, elogiou a comunidade da única paróquia católica no enclave palestiniano, que é liderada por três padres e seis religiosas, na declaração ‘Reflexões da Terra Santa’, de 15 de dezembro.
“São os nossos heróis em Gaza, pois realizam o seu trabalho de forma discreta, mas constante, com grande sacrifício pessoal”, assinalou Sami El-Yousef, que agradeceu “toda a ajuda” da Ajuda à Igreja que Sofre.
O secretariado português da AIS assinala que segue “com atenção” a situação da paróquia católica de Gaza, no contexto do Jubileu dos Cristãos Perseguidos, do Ano Santo 2025, realizado em março, em Arouca (Diocese de Porto), receberam uma mensagem vídeo do padre Gabriel Romanelli.
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