Natal 2024: Presépio ao Vivo de Priscos é «chamada de atenção» para acolhimento de migrantes e minorias

Padre João Torres defende que «se todos os migrantes» fossem embora, Portugal teria «graves problemas nas explorações agrícolas, na restauração, em muitos serviços»

Foto: Presépio Vivo de Priscos

Braga, 24 dez 2024 (Ecclesia) – O Presépio ao Vivo de Priscos propõe este ano o tema da inclusão dos migrantes e minorias, num contexto em que, segundo o padre João Torres, “um ou outro populismo” vai acontecendo também na Europa e que parece que todos os problemas são “culpa deles”.

“Portugal, neste momento, se todos os migrantes que nós temos fossem embora, nós tínhamos graves problemas nas explorações agrícolas, na restauração, em muitos serviços onde estas pessoas são importantes”, afirmou o pároco de Priscos, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

“A chamada de atenção, quer para os nossos figurantes, quer para os nossos visitantes, é precisamente essa. Tu podes ser um lugar também para aquele que vem”, complementou.

A XVII edição do Presépio ao Vivo de Priscos, que recria cenas da vida na época do nascimento de Jesus, com mais de 600 figurantes, foi inaugurado no dia 15 de dezembro, no Largo Padre Artur Lopes dos Santos, e pode ser visto nos dias 22, 25 e 29 do mesmo mês e 1, 4, 5, 11 e 12 de janeiro.

O padre João Torres fala que os imigrantes que Portugal recebe, da comunidade brasileira, do Bangladesh, e de outras partes do mundo, “vêm à procura de um sonho”, defendendo que têm de se arranjar ferramentas para que este não vire “pesadelo” logos nos primeiros dias, nomeadamente nas áreas da habitação, saúde, segurança e exploração laboral.

“Quem visita o presépio fica com esta chamada de atenção: até que ponto tu estás a nascer estas vidas também na tua comunidade. Como é que tu acolhes estas vidas?”, destacou.

O pároco de Priscos considera que em Portugal existem populismos, baseados no discurso de que todos os problemas, quer de desemprego, quer de insegurança, estão relacionados com os migrantes.

“Nós já tínhamos essas questões, e se repararmos, essas pessoas, na sua grande maioria, é claro que há aqui um foco ou outro, que é normal que ele exista, mas os migrantes que estão no nosso país, a grande maior parte é uma mais-valia para o nosso próprio país”, sublinhou.

A entrada no Presépio de Priscos é feita mediante um valor simbólico em forma de donativo, cuja parte recolhida será destinada ao projeto de apoio a reclusos, que encontram nele uma oportunidade de reintegração e reabilitação.

Sob a orientação de um instrutor, os reclusos participam ativamente na construção dos cenários, ganhando novas habilidades e uma nova esperança para o futuro.

PR/LJ

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Agência ECCLESIA

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