Natal/Refugiados: Instituições são «rede de apoio» a quem deixou tudo para trás (c/vídeo)

Carmo Belford salienta que, para além das famílias ucranianas, «é importante não deixar esquecidas todas as outras famílias de outras nacionalidades que tiveram que deixar tudo»

Lisboa, 22 dez 2022 (Ecclesia) – A coordenadora de advocacy do Serviço Jesuíta de Apoio aos Refugiados (JRS) em Portugal disse hoje que, também na quadra natalícia, têm de ser “a rede de suporte” das pessoas que deixaram tudo para trás e fugiram da Ucrânia e de “várias pontas do globo”.

“Infelizmente não acontece só com as pessoas que fogem da Ucrânia, acontece em várias pontas do globo, e é importante não deixar esquecidas todas as outras famílias de outras nacionalidades que tiveram que deixar tudo para trás e procuraram Portugal”, disse hoje Carmo Belford, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A coordenadora de advocacy do JRS Portugal realça que é necessário comprometer-se para que Portugal seja acolher, onde “as pessoas se sintam bem-vinda e dignas”.

O Serviço Jesuíta aos Refugiados comemorou o Dia Internacional dos Migrantes 2022, assinalado anualmente 18 de dezembro, com a a campanha ‘#TodasasCostasTêmUmRosto’ e o lançamento da terceira edição do ‘Livro Branco sobre os direitos dos imigrantes e refugiados em Portugal’.

“É um livro que pretende compilar todos os obstáculos que as pessoas migrantes e refugiadas sofrem em Portugal, essencialmente ligados à burocracia dos serviços públicos, à demora das respostas sociais, e, sobretudo, identificando a causa do problema e não apenas o problema”, explicou Carmo Belford.

A responsável de advocacy da organização católica ligada à Companhia de Jesus (Jesuítas) exemplificou que se o problema está no SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) vão “tentar escrutinar porquê”, concluindo que o SEF “sempre teve um problema de investimento nos seus serviço que afeta diretamente a qualidade do acompanhamento que é feito aos migrantes e refugiados”.

“Quem fala no SEF, fala também de todos os serviços públicos em Portugal, no acesso aos direitos básicos que as pessoas devem ter. E propomos recomendações concretas de alterações muito cirúrgicas na lei, nas políticas publicas, que melhorem a vida das pessoas que acompanhamos”, acrescentou.

Pelo Dia Internacional dos Migrantes 2022, o JRS Portugal lançou a campanha ‘Todas as costas têm um rosto’, e, segundo Carmo Belford, esse é o trabalho da organização: “dar um rosto, dar um nome às pessoas para deixar de ser uma realidade abstrata”.

Esta campanha, adianta a entrevistada, repete mensagens que o Papa Francisco “tem vindo a transmitir ao longo dos anos”, como “os migrantes não são números, não são processos, não podem ficar eternamente à espera de ser tratados como pessoas humanas”, e não são sobretudo perigosos, “fogem do perigo”.

“É este tipo de mensagens que queremos transmitir à sociedade civil e devem desconstruir muitos mitos associados à migração e ao asilo”, assinalou a coordenadora advocacy do Serviço Jesuíta de Apoio aos Refugiados.

Esta quinta-feira, 22 de dezembro, o JRS Portugal e a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) inauguram a exposição fotográfica ‘Vizinhos do Lado’, que conta a história de 21 famílias afegãs acolhidas em setembro e novembro de 2021, no Pavilhão 31, do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa.

HM/CB

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