[et_pb_section bb_built=”1″ fullwidth=”on” specialty=”off” next_background_color=”#000000″][et_pb_fullwidth_post_title _builder_version=”3.18.6″ author=”off” categories=”off” comments=”off” featured_placement=”background” text_color=”light” title_font_size=”68px” /][/et_pb_section][et_pb_section bb_built=”1″ specialty=”off” _builder_version=”3.18.6″ prev_background_color=”#000000″][et_pb_row][et_pb_column type=”4_4″][et_pb_text _builder_version=”3.18.6″]
São muitos os textos que falam do Natal: no sentido literal ou figurado, de diferentes formas se assinala este tempo.
Crentes e não crentes olham para o nascimento de Jesus como um poema, um acontecimento histórico ou um desafio a ser vivido ao longo de todo o ano. Fomos em busca desses relatos, tão diferentes como o percurso das pessoas com quem falamos: a jornalista Paula Moura Pinheiro, o professor Frederico Lourenço, presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens Rosário Farmhouse, o padre João Lourenço, o escritor Pedro Vieira, e a jornalista Alberta Marques Fernandes.
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O Natal não é ornamento
“O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade
O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande
O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
O Natal não é ornamento”
Pe. José Tolentino Mendonça
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Excerto do capítulo final do livro «As vinhas da ira», de John Steinbeck
«A mãe foi ao canto e debruçou-se sobre o homem, a olhá-lo. Devia ter uns 50 anos. Possuía um rosto barbudo e descarnado, e os olhos, muito abertos, fixavam o nada. O rapas veio postar-se ao lado da mãe.
– Ele é teu pai? – perguntou ela.
– É sim. Ele dizia que não tinha fome, ou que já tinha comido. Dava-me a comida toda. Agora, está tão fraco que nem se pode mexer.
A chuva amainava outra vez e tamborilava brandamente no teto do celeiro. O homem escanzelado moveu os lábios. A mãe ajoelhou-se ao lado dele e encostou o ouvido á boca do homem, cujos lábios se tornaram a mover.
– Bem – disse a mãe. – Esteja sossegado. Tudo se arranja. É só esperar que eu tire a roupa molhada à minha filha.
A mãe voltou para junto de mãe voltou para junto de Rosa de Sharon.
– Trata de te despir anda!
Estendeu o cobertor, fazendo dele uma cortina, para a esconder dos olhos dos outros. E, quando Rosasharn ficou nua, a mãe enrolou-a no cobertor.
O pequeno estava agora de novo ao lado da mãe, explicando:
– Eu não sabia de nada. Ele dizia sempre que já tinha comido ou então que não tinha fome. A noite passada, quebrei a vidraça de uma janela e roubei um pão. Obriguei-o a comer, mas ele vomitou tudo e ficou ainda mais fraco. Devia comer sopa ou beber leite. A senhora tem algum dinheiro para comprar leite?
A mãe respondeu:
– Chiu! Não te apoquentes. Tudo se há-de arranjar.
De repente, o pequeno deu um grito:
– Está a morrer! Está a morrer, a sério! Ele vai morrer de fome. Vai, vai!
– Chiu! – fez a mãe.
Lançou um olhar ao pai e ao tio John, que estavam parados, diante do doente, sem saber o que haviam de fazer. Olhou para Rosa de Sharon, bem enrolada no cobertor. Os seu olhos fugiram dos da filha e tornaram a encontra-los. E as duas mulheres liam tudo nas respetivas almas. A respiração da rapariga tornara-se curta e agitada.
– Sim – disse.
A mãe sorriu.
– Eu sabia. Eu sabia que tu eras capaz de o fazer. – Olhou para as mãos apertadas uma na outra, descansando no regaço.
Rosa de Sharon disse baixinho:
– Vocês são capazes de sair todos?
A chuva batia ao de leve no telhado.
A mãe inclinou-se para a filha e, com a palma da mão, afastou as madeixas revoltas que lhe caiam para a testa e deu-lhe um beijo. A mãe ergueu-se rapidamente:
– Vamos, minha gente, vão para o alpendre das ferramentas – gritou ela. – Vão-se embora, andem!
Pô-los fora da porta. Por fim, levando o rapazito pela mão, saiu também, fechando a porta, que chiou atrás de si.
Por um momento, Rosa de Sharon permaneceu imóvel no celeiro ressoante de murmúrios. Depois, ergueu-se pesadamente, enrolando-se mais no cobertor. Devagar, dirigiu-se ao canto escuro e quedou-se a olhar o rosto devastado do desconhecido, de olhos arregalados e cheios de temor. Então, vagarosamente, deitou-se ao lado dele. O homem abanou a cabeça de um lado para o outro. Rosa de Sharon afastou um dos lados do cobertor, deixando o seio a descoberto.
– Tem de ser – disse, aproximando-se mais dele, e puxando-lhe a cabeça para si. – Ora vá! Então!
Apoiou-lhe a cabeça com a mão, e os dedos afagaram-lhe suavemente os cabelos. Ergueu os olhos e deixou-os errar pelo barracão, enquanto os lábios se lhe arqueavam num misterioso sorriso…»
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«O que é o Natal?», de Max Bolliger
«Ássia não conhece o Natal.
Ássia veio de outro país onde se celebram festas muito diferentes.
Natal!
Feliz Natal!
Ássia lê estas palavras por toda a parte.
As ruas estão enfeitadas de mil e uma cores!
Grupos corais entoam lindos cânticos de Natal.
As lojas propõem:
Bolos de Natal,
Postais de Natal,
Velas de Natal,
Decorações de Natal,
Peru de Natal…
À entrada dos grandes hipermercados ergue-se uma floresta de pinheiros de Natal.
As montras oferecem mil coisas.
“Será que as pessoas precisam disto tudo?”, interroga-se a menina, deslumbrada.
Mas o mais extraordinário são os anjos que flutuam no ar.
E Ássia pergunta-se como é que eles se tinham pendurado no céu.
Os cabelos de Ássia são encaracolados e a pele é castanho-avermelhada.
Um dia, ouvira os vizinhos dizer:
— Quem é esta rapariga estrangeira? Onde vive? Donde veio?
Ássia tinha vindo de um país em guerra onde as pessoas passavam fome e eram perseguidas. Ássia era uma refugiada.
No primeiro dia de Dezembro, os alunos descobriram, em cima da secretária da professora, um arranjo com quatro velas entre pinhas douradas.
— Oh! que lindo! Vamos celebrar o Advento! — exclamaram as crianças.
Advento! Outra palavra que Ássia nunca tinha ouvido.
“Deve ter alguma relação com o Natal”, pensa.
Quando a professora acende a primeira vela, Ássia enche se de coragem e pergunta:
— Natal, mas o que é o Natal?
— Sim! O que é o Natal?! — repete a professora um pouco surpreendida.
As crianças desatam a rir. Todos sabem o que é o Natal!
Os alunos falam todos ao mesmo tempo:
— Natal é quando decoramos a casa.
— Natal é quando pintamos estrelas nas janelas.
— É quando a minha mãe faz bolos.
— É quando escrevo uma carta ao Pai Natal!
— Quando o Pai Natal põe presentes junto do pinheirinho.
— Quando vamos ao mar.
— Quando eu tenho uma bicicleta nova.
— Quando recebo uma boneca grande.
— Quando a minha avó me dá dinheiro.
— Quando os meus avós nos vêm visitar.
— Quando embrulho as prendas.
— Quando enfeito com o meu pai o pinheiro.
Os meninos contam tudo o que fazem no Natal.
Mas Ássia continua a não perceber o que é o Natal.
— É altura de vos contar uma história muito antiga. A história do nascimento de Jesus. A história da noite de Natal — diz a professora.
Maria e José à procura de uma estalagem.
O dono do albergue que os mandou embora, sem compaixão. A chegada dos pastores, o aparecimento dos anjos.
Os três Reis Magos guiados pela estrela até Belém e, entre eles, Belchior, o rei de pele escura, como Ássia.
Ássia ouve com toda a atenção.
— E — continua a professora —, quando representarmos esta história, um de vós terá de fazer o papel de Belchior.
De repente, faz-se silêncio.
O rapaz que está ao lado de Ássia acaricia suavemente a cabeça da menina.
Ássia sorri e murmura:
— Agora já sei. Natal, é quando eu sou feliz!»
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Evangelho de Lucas 2, 13-14
«E de súbito surgiu, juntamente com o anjo, uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
«Glória nas alturas a Deus!
E, sobre a terra, paz
entre as pessoas de boa vontade.»
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1 Carta São Paulo aos Coríntios
«Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não busca os seus próprios interesses, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba.
Agora vemos por espelho, por enigma, mas quando vier o que é perfeito veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente.
Fé, esperança e amor: dos três o maior é o amor.»
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