Narcotráfico e marxismo na agenda de Bento XVI

Papa apresentou aos jornalistas principais preocupações da sua visita ao México e Cuba

Lisboa, 23 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI condenou hoje a “praga” do narcotráfico, em declarações a bordo do avião que o transporta desde Roma para uma viagem de seis dias ao México e Cuba, sublinhando ainda as transformações políticas na região.

“Temos de fazer todos os possíveis contra este mal [tráfico de droga] destruidor da humanidade e da nossa juventude”, disse o Papa na conferência de imprensa que decorreu durante o voo de 14 horas, iniciado às 09h30 de Roma (menos uma em Lisboa).

Perante mais de 70 jornalistas, Bento XVI afirmou que a responsabilidade da Igreja é “educar as consciências, educar à responsabilidade moral” e “desmascarar o mal”.

Estima-se que mais de 50 mil pessoas tenham morrido no México, ao longo dos últimos anos, como consequências de ações violentas perpetradas, muitas vezes, por grupos criminosos ligados ao narcotráfico.

Segundo o Papa, este é um “grave problema” que afeta também a Igreja num país com mais de 99 milhões de católicos.

Bento XVI falou ainda da situação sociopolítica em Cuba, 14 anos depois da inédita visita de João Paulo II com a qual, sublinhou, se abriu “um caminho de colaboração e diálogo” que “exige paciência”.

Para o atual Papa, a ideologia marxista “já não responde à realidade” e a Igreja Católica deve ajudar a dar vida a uma “sociedade mais justa”, sendo necessário “encontrar novos modelos”.

Questionado sobre a atualidade das palavras de João Paulo II, quando afirmou que Cuba “deve abrir-se ao mundo e o mundo deve aproximar-se de Cuba”, Bento XVI referiu que “a Igreja está sempre do lado da liberdade, liberdade de consciência, liberdade de religião”.

“A Igreja não é um poder político, não é um partido, mas uma realidade moral, uma autoridade moral”, advertiu.

Nesse sentido, Bento XVI disse viajar aos dois países da América Latina para “encorajar e aprender, para confortar na fé, na esperança e na caridade”.

O Papa criticou, por outro lado, o que qualificou como “esquizofrenia entre moral individual e pública”, nos católicos, que seguem “caminhos na vida pública que não respondem aos grandes valores do Evangelho”.

Bento XVI colocou esta visita em “continuidade” com as que foram realizadas por João Paulo II, seu predecessor, em particular a primeira das cinco realizadas ao México, em 1979, num “verdadeiramente histórica numa situação política confusa” e a também “histórica viagem a Cuba”.

“O meu desejo é prosseguir o seu caminho e as suas pegadas”, confessou, evocando o Papa polaco, figura muito admirada por milhões de católicos da América Latina.

Bento XVI, que completa 85 anos em abril, surgiu no aeroporto de Fiumicino, em Roma, apoiado numa bengala, com a quel fez o percurso entre o helicóptero e as escadas de subida para o avião.

A chegada ao México está prevista para as 16h30 locais (mais seis em Lisboa), no aeroporto de Guanajuato, onde vai decorrer o contacto com as centenas de milhares de pessoas esperadas junto do Papa, mais de 130 mil voluntários, 3 mil polícias e militares e 2 mil jornalistas de 500 órgãos de informação.

Esta é a primeira vez que o atual Papa visita países de língua hispânica na América Latina e a sua terceira viagem ao continente americano, após passagens pelo Brasil (2007) e EUA (2008), estando previsto um percurso equivalente a meia volta ao mundo, com dez intervenções.

OC

Notícia atualizada às 13h37

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