Mensagem de D. António Marto
Para muitos, o Natal é uma quadra de alegria que evoca as mais belas recordações pessoais e familiares. Para outros tem um sabor a tristeza porque sentem mais o isolamento, a solidão, os diversos dramas e provações da vida. Outros reduzem-no a mera festa mundana de consumismo para preencher por vezes um vazio interior.
A surpresa de Deus que se faz pequeno
Contudo, o Natal é um convite dirigido a todos à alegria, à fraternidade, à esperança. Não deixa ninguém indiferente. Os cristãos encontram um motivo singular e único para o celebrar na fé que os distingue: a surpresa do mistério de Deus feito homem. Deus surpreende-nos sempre porque o amor é uma eterna surpresa. Com o nascimento de Jesus, os cristãos proclamam a novidade da proximidade de Deus à vida dos homens e mulheres que Ele ama. No rosto frágil de um menino, Deus revela um rosto totalmente inesperado, uma inesperada omnipotência que é a do amor. Obrigado a fugir à violência de Herodes pelos caminhos do exílio, Jesus revela Deus próximo dos homens mesmo nas situações em que eles podiam julgar-se abandonados por Deus.
Deus faz-se pequeno para que não tenhamos medo de O receber nos braços; faz-se pequeno para que os mais pobres e humilhados não tenham medo Dele e Nele encontrem acolhimento como os pastores de Belém; faz-se pequeno para tocar o coração dos poderosos deste mundo. É este o rosto que nós contemplamos no Natal!
Se não nos deixamos surpreender por Jesus é porque lhe fechamos a porta. Demos-lhe, pois, um lugar na nossa vida. Acolhamos a sua presença no presépio do nosso coração e dos nossos irmãos necessitados. Perguntemos-lhe: Senhor, que esperas de mim? Onde me esperas? Que queres de mim?
Benditas as mãos que se abrem, acolhem e socorrem
O verdadeiro Natal de Cristo gera um novo despertar de fraternidade, partilha e solidariedade com os que à nossa volta conhecem a solidão, a pobreza, a precariedade. Os pastores a quem foi feito o primeiro anúncio do Natal de Jesus estão lá como representantes dos mais pobres, frágeis, necessitados e descartados da nossa sociedade. Neste Natal não podemos faltar-lhes com a nossa solidariedade generosa de modo particular às vítimas dos incêndios. “Por isso, benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem “se” nem “mas”, nem “talvez”: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus” (Papa Francisco).
Apelo vivamente à participação de todos na iniciativa de solidariedade de Natal promovida pela Caritas Internacional e levada a cabo pela nossa Caritas Diocesana 10 milhões de estrelas, um gesto pela paz. Cada vela custa 1 euro. As verbas resultantes desta campanha revertem em 65% para a ação da Caritas Diocesana no apoio às famílias locais em situação de carência; e em 35% para apoiar as vítimas dos incêndios florestais em Portugal.
Nesta festa de Natal em que celebramos o centésimo aniversário da restauração da nossa querida diocese de Leiria-Fátima não deixemos que nos roubem o autêntico Natal celebrado e vivido na fé, na alegria, na partilha, na generosidade e na esperança!
A todos os diocesanos desejo Santo e Alegre Natal e Abençoado Ano de 2018!
Leiria, 12 de dezembro de 2017