Nações Unidas: Santa Sé alertou para «perigoso espectro das ameaças nucleares» e «retórica baseada na dissuasão»

D. Gabriele Caccia pediu investimentos orientados para «um paradigma de paz e segurança definido pela fraternidade»

Foto: Lusa/EPA

Nova Iorque, EUA, 05 mar 2025 (Ecclesia) – O observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas manifestou preocupação com a “retórica baseada na dissuasão” e com o “perigoso espectro das ameaças nucleares”, e apelou à “mudança de prioridades”, esta terça-feira, dia 4, em Nova Iorque.

“É imperativo que se proceda a uma reavaliação das prioridades atuais, com investimentos orientados para um paradigma de paz e segurança definido pela fraternidade, em vez da dissuasão e da escalada militar”, disse D. Gabriele Caccia, informa o portal de notícias ‘Vatican News’.

O Observador Permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas salientou a responsabilidade da comunidade internacional em garantir um futuro seguro para as novas gerações, na terceira reunião dos Estados Partes no Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, esta terça-feira, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA).

“O crescente sentimento de desconfiança e medo está a ter um efeito prejudicial nas relações internacionais, com o resultado de que a arquitetura do desarmamento está a ser gravemente minada, enquanto as despesas militares estão a aumentar dramaticamente”, alertou, considerando “profundamente desconcertante” o aumento dos conflitos e das divisões em todo o mundo.

O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPNW), o primeiro instrumento juridicamente vinculativo para proibir completamente as armas nucleares, que entrou em vigor a 22 de janeiro de 2021, foi ratificado por 73 Estados, incluindo a Santa Sé, para quem é “farol de esperança e progresso”.

“Chegou o momento de dizer seriamente ‘não’ à guerra, de afirmar que as guerras não são justas, mas só a paz é justa: uma paz estável e duradoura, não construída sobre o perigoso equilíbrio da dissuasão, mas sobre a fraternidade que nos une”, destacou, incentivando ao uso de fundos para “enfrentar os desafios globais urgentes, incluindo a pobreza e a fome”.

Para o representante da Santa Sé na ONU, é da responsabilidade coletiva da comunidade internacional assegurar que “as atrocidades do passado não se repitam” e que as gerações futuras “sejam protegidas das consequências catastróficas da guerra nuclear”.

D. Gabriele Caccia alertou para “o sofrimento sem paralelo causado por estas armas de destruição maciça”, os “efeitos negativos profundos e duradouros”, que “alteraram irrevogavelmente” as comunidades afetadas, no contexto do 80.º aniversário do bombardeamento atómico das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, respetivamente a 6 e 9 de agosto de 1945.

“[Danos] não apenas em perda imediata de vidas, mas também em consequências psicológicas, culturais e ambientais a longo prazo”, acrescentou o observador permanente da Santa Sé, na véspera do Dia Internacional do Desarmamento e Conscientização sobre a Não-Proliferação (5 de março), citado pelo ‘Vatican News’.

O observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas concluiu a sua intervenção a destacar a mensagem do Papa para o 53.º Dia Mundial da Paz, a 1 de janeiro de 2020, onde Francisco citou o testemunho dos Hibakusha, os sobreviventes de Nagasaki e Hiroshima.

CB/OC

 

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