O Estado deveria criar “urgentemente” uma portaria que classifique os órgãos históricos portugueses e que defina as regras e o acompanhamento técnico imprescindíveis ao seu restauro e conservação, defendeu o mestre organeiro Dinarte Machado. Responsável pelo restauro de 74 dos mais de 300 órgãos que constituem o acervo histórico português, Dinarte Machado disse à agência Lusa que é preciso tomar medidas legislativas que protejam um património único, como é o dos nossos órgãos históricos. “Temos uma escola portuguesa. Não estamos a falar de um instrumento solto, mas sim, num todo, de órgãos típicos portugueses, de mais de 300, existentes, datados do último quartel do século XVIII”, disse. Dinarte Machado tem defendido a existência de uma escola de organaria portuguesa, nascida, depois do terramoto de 1755, da necessidade de reconstruir os instrumentos, aliada à preocupação de ir ao encontro das necessidades dos compositores e músicos da altura. É na defesa desse património único – “outros povos, como os austríacos, tiveram que reconstituir a memória dos seus órgãos, nós temos os instrumentos” – que Dinarte Machado pede a classificação das peças e a criação de regras que as protejam da arbitrariedade a que ficam sujeitas quando a sua recuperação fica entregue a concursos públicos. Para Dinarte Machado, essa legislação permitiria ainda o aparecimento de uma nova escola de organeiros portugueses, que estudasse a evolução do órgão português e lhe desse continuidade. Redacção/Lusa