Música: Jovens têm sede de verdade e «Gen Verde» quer ajudar a descobrir o caminho

Silvia Reis integra grupo musical com mulheres de 14 nações, criado pelo Movimentos dos Focolares, e atuou na JMJ Lisboa 2023

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 09 ago 2023 (Ecclesia) – Sílvia Reis, portuguesa que integra o grupo musical Gen Verde, do Movimento dos Focolares, afirmou a sensibilidade e a busca da verdade que caracteriza os jovens e a forma como a música pode ser motor de encontro.

“Os jovens são muito sensíveis e têm sede de verdade. Fazemos experiências com eles e achamos que os jovens não querem ouvir mas fica sempre algo. Estão habituados a fazer muita coisa ao mesmo tempo, mas eles procuram saber se o que tu cantas é verdade”, conta a portuguesa que integra o grupo musical, criado por Chiara Lubich em 1966.

O Gen Verde nasceu na cidadela de Lopiano, em Itália, quando a fundadora do Movimento dos Focolares decidiu oferecer, no Natal, uma bateria verde o grupo de raparigas e uma bateria vermelha ao grupo de rapazes, que viviam no centro de formação.

“Chiara tinha o sonho de levar, através da música, os valores do Evangelho. Percebeu que a música chega ao coração de todos e, com ela, procuramos dar os valores positivos onde todos se reconhecem. A música é uma língua universal. Quando cantamos, mesmo em diferentes línguas, dizem-nos que apenas ouvir-nos toca o coração, por isso, há algo mais forte do que a palavra”, conta.

O grupo Gen Verde promove workshops que possibilita os jovens prepararem-se e integrarem os concertos nos países onde atuam.

“Os jovens podem ser desorientados, podem não ter modelos ou foco, e por isso são necessários adultos que os ajudem com o foco, para os ajudar a escolher as estradas a seguir. O retorno que temos dos workshops é de experiências que não vão esquecer, aumento de confiança, ganham um olhar atento à sua volta para os mais fragilizados, saem da sua zona de conforto. E com tudo isto se sonha a construção do mundo hoje”, resume.

Sílvia Reis já tocou bateria no grupo musical mas hoje está nos bastidores, na qualidade do som.

“Sinto-me muito sortuda por estar nesta experiência. Recebo muito nesta escolha que fiz. Não seria tão feliz noutra estrada”, explica, ao recordar o horizonte que abriu na sua vida quando aos 14 anos conheceu o Movimento dos Focolares.

“Aos 14 anos vivia uma adolescência difícil porque eu sentia que tinha exigências e não via coerência à minha volta. Quando encontrei o Movimento dos Focolares encontrei uma radicalidade que me atraia, me levava a sair do conforto, e era o que eu queria”, recorda.

Sílvia rumou a Lopiano, uma cidade onde se encontram todas as vocações: jovens, casais, pessoas que estudam e trabalham, mas onde “todos convivem, claro com momentos difíceis, mas onde se vive o Evangelho, se procura o amor recíproco” e um local onde o “ecumenismo torna-se natural”.

Quando Jesus diz que temos de amar a todos, então é para amar todos mesmo. Eu encontrei pessoas de muitas igrejas e encontrei muitos irmãos. Nós colocamos divisões no pensamento, quando elas não existem na vida”.

A cidadela de Lopiano é um local também de formação, e depois de um tempo de experiência Sílvia Reis entrou na comunidade.

“Percebi que Deus é muito aberto e mete à disposição de cada um o que é melhor. Para mim era isto. Quis fazer uma adesão completa e depois de dois anos entro na comunidade do Movimento”, indica.

Hoje percorre o mundo a acompanhar as mulheres do Gen Verde – “14 de diferentes nacionalidades”.

“Somos de 14 nações, cheias de energia com muita criatividade, onde cada uma tem um dom, mantendo muita atenção umas com as outras, procurando que o trabalho seja expressão de todas. A música e as letras surgem entre todas”, sublinha.

Em cada concerto as músicas procuram mostrar a realidade do contexto onde vão atuar.

Na Alemanha, numa prisão, tínhamos à nossa frente mulheres que sentiam que as palavras que cantávamos eram para elas. No Brasil, depois de um espetáculo uma mãe escreveu-nos a dizer que concerto a fez recuar no plano de abortar. Falta-nos ir a África, mas vamos onde for possível. Confirmamos a nossa vocação com o que fazemos”.

“A música dá também esperança, dá energia e vitalidade. Cada um tem de descobrir a sua estrada. Não temos de nos contentar com o pouco que parece estar à nossa volta, somos feitos para coisas maiores”, convida.

A conversa com Sílvia Reis pode ser acompanhada esta noite no programa Ecclesia, na Antena 1, pouco depois da meia-noite, ficando disponível no portal de informação da Agência ECCLESIA e no podcast «Alarga a tua tenda».

LS

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