Um museu não pode ser fechado e isolado da comunidade. Pelo contrário, tem de se mostrar vivo e em diálogo com a população. Com base neste ideário, o Museu de Arte Sacra e Etnologia, em Fátima, aposta na divulgação do seu trabalho, tendo em vista também um maior conhecimento das missão, uma vez que o espaço é da responsabilidade dos Missionários da Consolata. A tendência de mutismo é “ir-se desvanecendo”. Gonçalo Cardoso, director do Museu de Arte Sacra e Etnologia, afirma que actualmente muitos são os museus activos “e voltados para a comunidade”. Reconhecendo esta tendência, recorda ainda alguns maus exemplos que “apenas mantêm objectos expostos e não dialogam com a comunidade”. Um verdadeiro museu procura realizar diversas actividades para o público tomar conhecimento do seu acervo e, consequentemente, participar nas actividades propostas. O seu objectivo não se extingue na exposição de objectos, mas pretende aproveitar ao máximo o que esses objectos podem oferecer de informação. Turismo religioso em mudança O turismo religioso está a mudar. O director do Museu indica que actualmente alguém que se desloca a Fátima não procura exclusivamente o Santuário. “As pessoas estão mais sensibilizadas a visitar outros espaços”. A Igreja da Santíssima Trindade é actualmente muito visitada e “as pessoas aproveitam para estender a sua visita a espaços museológicos próximos”. Um estudo recente desenvolvido por Graça Poças Santos aponta que o tradicional peregrino a Fátima desloca-se com o objectivo de cumprir a sua promessa e vai propositadamente ao Santuário. No entanto, despontam outros segmentos de visitantes que pretendem, a par do Santuário, visitar outros espaços. A proximidade ao Santuário de Fátima é uma mais-valia para o Museu de Arte Sacra e Etnologia. Gonçalo Cardoso explica que a «Sala dos Pastorinhos», em ano do centenário do nascimento do Beato Francisco Marto, é muito procurada. Este espaço é objecto de procura de muitos que se deslocam ao Museu. Numa pequena sala, “à escala dos pastorinhos”, os visitantes podem encontrar o barrete do Beato Francisco Marto, oferecido pelo pai do vidente, Manuel Pedro Marto, aos Missionários da Consolata, em 1956. Neste espaço está em permanência uma exposição que conserva relíquias dos videntes – alguns terços, trajes do doador e uma pedra do túmulo da Jacinta e Francisco que seu pai guardou após a trasladação dos irmãos do cemitério paroquial de Fátima para a Basílica. O Padre Luis Kondor, o postulador das causas de beatificação de Jacinta e Francisco, ofereceu também um pequeno relicário com partículas dos ramos da azinheira e dos caixões dos beatos. Diversidade cultural O Museu de Arte Sacra e Etnologia tem registado um grande interesse na adesão às suas propostas. Exposições permanentes ou temporárias, visitas guiadas, serviço educativo, actividades de voluntariado são apenas algumas das propostas. Gonçalo Cardoso dá como exemplo da adesão o curso livre de “Arte Sacra em Fátima” que, “mesmo depois de passarmos de 25 participantes iniciais para 30, continua com lista de espera”. O Director do Museu aponta o “interesse demonstrado pelas iniciativas” e a possibilidade de “projecção do Museu”. As tertúlias mensais que o Museu iniciou a 26 de Setembro, como o Monsenhor Luciano Guerra, são dinamizadas alternadamente pelo Museu de Arte Sacra e Etnologia e pela Junta de Freguesia de Fátima, sintoma de abertura a parcerias. Gonçalo Cardoso aponta que “com poucos recursos temos de unir esforços”. A organização das tertúlias está apostada em debater temas relacionados com Fátima e os seus cidadãos mas também “propor temas ligados ao património e à temática do museu”. A próxima tertúlia está marcada para 31 de Outubro com José António Falcão, do Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja. O Museu de Arte Sacra e Etnologia é o único espaço museológico de Fátima integrado na Rede Portuguesa de Museus. Gonçalo Cardoso assume este facto como o “reconhecimento da qualidade do espaço” e a prossecução dos objectivos internacionais do que é um Museu – “um espaço sem fins lucrativos e que tem por missão preservar objectos de interesse histórico, artístico e cultural e estar próximo da comunidade”. O Museu dispõe de um sítio na Internet (http://masefatima.blogspot.com) e ainda uma apresentação no youtube (http://br.youtube.com/watch?v=t-4gLsYTU-A)