José Carlos Lima espera que a competição seja uma «celebração festiva»
Lisboa, 13 jun 2018 (Ecclesia) – O coordenador do Plano Nacional Ética no Desporto de Portugal espera que o Mundial de Futebol na Rússia seja uma “celebração festiva”, que envolva jogadores, dirigentes e adeptos, onde “cada equipa dê o melhor de si” também nos valores.
“Que seja momento de suspender as partes negativas que o desporto tem, que as sociedades têm, um momento em que cada equipa dê o melhor de si e os adeptos, os amantes do desporto, possam viver os valores do desporto”, afirma José Carlos Lima em declarações à Agência ECCLESIA.
O coordenador do Plano Nacional Ética no Desporto lembra o que representaram os últimos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang para “unir” as duas Coreias, onde uma delegação conjunta desfilou com a mesma bandeira e representou os dois países asiáticos na abertura da 23.ª edição dos jogos.
“O desporto tem essa dimensão mais competitiva mas tem uma dimensão fulcral e fundamental que é a dimensão valorativa. Esta dimensão da ética, dos valores tem de estar presente, se não o desporto deixa de ser desporto para ser espetáculo somente”, desenvolve.
Segundo o entrevistado, o Campeonato do Mundo de Futebol, com os Jogos Olímpicos, é, “sem dúvida”, o evento desportivo “mais importante do ponto de vista planetário, a nível de impacto”, com “mais ou menos três biliões de espetadores a assistir”.
Na véspera de começar o Campeonato do Mundo de países, José Carlos Lima sublinha que “é momento de celebração”, de festa, de congregar povos e culturas.
“É momento de também desvendar aspetos mais importantes do ser humano, como: A luta, o sacrifício, a necessidade de vencer, a necessidade de ir ao encontro dos outros para estabelecer limites”, entre outros, desenvolve.
O coordenador do Plano Nacional Ética no Desporto, do Instituto Português do Desporto e da Juventude, assinala que o desporto e o futebol, em concreto, como “expressão humana” congrega aspetos positivos e como “é natural” também negativos.
“O plano tem como missão promover os valores como a solidariedade, fair-play, respeito pelo outro, o jogo limpo, e tem uma dimensão muito preventiva. Vamos às escolas, vamos aos clubes, temos muitas brochuras, e elementos pedagógicos. É uma dimensão muito preventiva que pretendemos”, explicou.
José Carlos Lima realça que a “dimensão, por vezes, mais negativa” preocupa, uma vez que atletas, agentes desportivos, presidentes têm de dar “exemplo”.
“A responsabilidade social deles é muito maior e incutem mensagem pela positiva e não pela negativa junto dos mais pequenos”, observa.
A seleção nacional de futebol entra em campo esta sexta-feira e os aspetos diretivos e os conflitos que estão a envolver clubes portugueses não vão afetar “Portugal campeão europeu” que é “a marca fundamental”.
“Entrando a equipa das Quinas em jogo tudo isso se dilui. O importante é estarmos todos congregados, identificados com aquela equipa e querermos realmente vencer, vencer com fair-play e levar o nome de Portugal bem alto”, acrescenta.
No dia 1 de junho, a Santa Sé publicou um documento dedicado ao desporto, intitulado ‘Dar o melhor de si’, que para José Carlos Lima está “muito bem estruturado” e é “nuclear para abordar o desporto numa perspetiva eclesial”.
“A Igreja está a dizer que temos de olhar com preocupação, com uma dimensão positiva para a ferramenta que é o desporto”, comentou.
O coordenador do Plano Nacional Ética no Desporto considera que “outro desafio” é da pratica desportiva “e a vida quotidiana” é combater individualismo e cultura do descarte.
“Muitas modalidades são coletivas, onde a pessoa está ao serviço da equipa, põe os dons ao serviço da equipa e acho que o desporto pode promover essa coletividade”, assinala José Carlos Lima.
A entrevista a José Carlos Lima é emitida no programa Ecclesia desta quarta-feira, na RTP2, às 15h00.
PR/CB