Multiplicam-se as reacções eclesiais à «Paixão de Cristo» segundo Mel Gibson

América Latina aplaude, a Europa torce o nariz. As diferenças de opinião estão ligadas a um facto fundamental: estamos na presença de um filme O filme “A Paixão de Cristo”, do realizador Mel Gibson, tem estado à altura da polémica sem precedentes que antecedeu a sua estreia nas salas de cinema, um pouco por todo o mundo. Desde já, o filme está a ser um dos mais rentáveis do cinema americano dos últimos anos, fazendo parte dos 18 filmes mais vistos da história dos EUA e tendo arrecadado mais de 300 milhões de dólares. A chegada do filme à Europa não foi, contudo, tão pacífica. A Comissão de Censura do Ministério de Cultura da Itália anunciou que “A Paixão de Cristo” será exibida sem nenhuma restrição, mas a Conferência Episcopal advertiu que “há precauções especiais a tomar antes de mostrar o filme a crianças e adolescentes”. Ora, é precisamente esta premissa que mais chocou os bispos católicos da França: “não é paradoxal que um filme sobre Jesus não possa ser mostrado às crianças?”; interrogam-se. Os prelados contestam também a opção de “isolar a Paixão da vida e da pregação de Cristo”, que, segundo os mesmos, “poderia ser utilizada para fomentar opiniões anti-semitas”. Também Federação das Igrejas Protestantes da Suíça (FEPS) e o serviço de informação da Conferência dos Bispos Suíços (CES) denunciam a existência de uma violência inútil, num filme “portador de uma mensagem anti-semita”. A opinião destes responsáveis é mesmo das mais críticas, dado que recomendam aos cristãos que “a obra que deveria ser rapidamente esquecida, assim que passar o período de publicidade mediática”. A reacção dos episcopados da América Latina foi completamente diferente. Vários bispos argentinos fizeram comentários positivos, num programa de televisão, após terem assistido ao filme. D. Rubén Di Monte, arcebispo de Mercedes-Luján, declarou que “o filme encantou-me”. D. Mario Maulión, arcebispo de Paraná, confessou que ficou impressionado pela “transmissão de uma mensagem de esperança no Senhor”. D.Fernando Maletti, bispo de Bariloche, afirmava mesmo que ver “A Paixão” foi quase “um retiro espiritual”. Após a estreia do filme no Brasil, o presidente da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Geraldo Majella Agnelo, aprovou a visão de Mel Gibson e afirmou que é “bastante fiel aos relatos bíblicos”. As diferenças de opinião estão ligadas a um facto fundamental: estamos na presença de um filme, do qual se pode ou não gostar. Não se tratando de um documentário nem de uma posição oficial da Igreja Católica, é perfeitamente normal que os seus líderes se encontrem e desencontrem no espaço da opinião livre.

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