Denúncias no Encontro Nacional dos Secretariados Diocesanos da Pastoral da Mobilidade Humana, a decorrer no Alentejo Nos moldes actuais dos fluxos migratórios, a mulher fica mais exposta “à exploração laboral e sexual” – denunciou à Agência ECCLESIA Teresa Chaves, responsável do Secretariado das migrações da diocese de Beja e participante no Encontro Nacional dos Secretariados Diocesanos da Pastoral da Mobilidade Humana. Nesta actividade, a decorrer em Vila Nova de Mil Fontes (diocese de Beja), até ao dia 12 deste mês, Teresa Chaves realça também que “a mulher se encontra numa situação de especial fragilidade quando emigra”. Antigamente, o homem comandava as operações quando se decidia emigrar. Actualmente, a mulher “vai só” ou então “chefia a família”. Se por um lado é um sinal de emancipação da mulher, por outro significa que “ela está numa situação mais fragilizada nos seus direitos” – disse. Esse tipo de exploração, “incluindo o tráfico de pessoas, tem vindo a aumentar a nível mundial”. Ao explicar esta nova forma de encarar as migrações, Teresa Chaves salienta que as transformações sociais alteraram-se. “A mulher tem um papel diferente na sociedade”. Os modelos tradicionais transformaram-se e a mulher “não fica apenas a cuidar dos filhos”. Assume a dianteira para “procurar novas soluções e novos rumos para a família”. Subordinado ao tema «Mulheres em Mobilidade: Fronteiras de Dignidade», neste encontro que começou a 9 de Julho, os participantes realçaram que neste tipo de exploração, as mulheres – maiores ou menores de idade – “são as mais afectadas”. E avança: “Este fenómeno dá-se com a emigração e imigração”. Portugal continua a ser um país de emigrantes. “A emigração ainda não acabou. Muitos portugueses, especialmente os da zona fronteiriça, “vão trabalhar para Espanha e depois voltam ao fim de semana”. Ao falar da diocese de Beja, Teresa Chaves frisou que esta “não é dos distritos mais problemáticos”. E acrescenta: “não existe a “prostituição de rua, mas existem bordeis”. Existe o outro lado, a “exploração sexual em montes – propriedades privadas – onde o acesso é extremamente difícil”. A imigração também chegou a esta diocese alentejana. A maioria são brasileiros porque os “imigrantes de leste são mais sazonais” – disse a responsável do Secretariado das migrações da diocese de Beja. E exemplifica: “Quando se construiu a Barragem do Alqueva tínhamos muitos romenos”. A economia de Beja necessita destas pessoas para trabalhar porque “não temos portugueses que queiram trabalhar no campo”. O secretariado das Migrações está integrado na Cáritas de Beja. “Prestamos apoio social – refeitório, atendimento para distribuição de géneros alimentares e de roupa – e trabalhamos de forma muito estreita com o SEF” – realça. E avança: “trabalhamos em rede”. Neste encontro nacional estão presentes a maioria dos secretariados.