Muitas dioceses não têm Pastoral do Turismo

Acolhimento aos turistas por parte da Igreja é insuficiente, revelam respostas a inquérito dirigido aos secretariados diocesanos da mobilidade humana

A quase totalidade das 20 dioceses portuguesas dizem registar uma afluência “significativa” de visitantes que querem conhecer as suas riquezas culturais e paisagísticas, mas 12 não têm Pastoral do Turismo organizada.

Nos casos em que o departamento foi criado verificam-se insuficiências de vária ordem, como a falta de meios, a ausência de articulação com outras instituições eclesiais ou a inexistência de uma estrutura independente.

Estas são algumas das conclusões que se podem retirar da análise das respostas a um inquérito que a Comissão Episcopal da Mobilidade Humana enviou aos respectivos secretariados diocesanos, tendo obtido 18 respostas.

Os resultados foram apresentados no encontro dedicado ao tema “Turismo: oportunidades de evangelização”, realizado por aqueles organismos entre 5 e 8 de Julho, em Ferragudo, concelho de Lagoa.

Só duas dioceses referem claramente ter “uma Pastoral do Turismo organizada”, mas uma delas esclarece que as iniciativas são executadas sem coordenação.

D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, região que ocupa o primeiro lugar nos destinos turísticos, reconheceu “a incapacidade de responder às solicitações que são pedidas”.

Em entrevista à ECCLESIA, o prelado referiu que a Igreja local tem procurado adaptar-se às necessidades dos visitantes e trabalhadores ligados à actividade turística, embora tenha a consciência de que gostaria “de fazer mais”.

Interrogadas sobre a existência de missas de rito católico em língua estrangeira, cinco dioceses responderam afirmativamente, embora a utilização de outros idiomas se reduza, em alguns casos, a partes da celebração.

No que se refere à publicação de desdobráveis e brochuras com indicações sobre locais e horários das missas, festas e eventos organizados pela Igreja, bem como roteiros sobre o património artístico, cinco dioceses não têm qualquer tipo de oferta.

Nas restantes, a elaboração e distribuição desses subsídios não é uniforme, embora haja um ponto em comum: a Pastoral do Turismo diocesana nunca assume a concepção desses folhetos ou livrinhos.

Algumas dioceses reportaram que os desdobráveis são feitos e distribuídos pelas paróquias nos postos de turismo e alojamentos mais procurados.

São relativamente comuns os casos em que as informações acerca das igrejas e horários das celebrações são divulgadas pelos meios de comunicação das autarquias ou de outras entidades públicas e privadas.

O inquérito debruçou-se igualmente sobre as termas, que nos últimos anos têm registado um aumento da procura: 13 dioceses reportaram a existência dessas estâncias nos seus territórios.

As Cúrias diocesanas não propõem orientações específicas para estes estabelecimentos, sendo o cuidado pastoral dos mesmos deixado à responsabilidade dos párocos e respectivas comunidades.

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