A Federação Espanhola dos Entes Religiosos Islâmicos (FEERI) pediu a abertura de um diálogo com a Igreja Católica para “recuperar o património muçulmano em território espanhol” pertencente ao Vaticano. Em declarações à agência Europa Press, o porta-voz da FEERI, Javier Isla, citou como exemplo a antiga Mesquita de Córdoba, símbolo das reivindicações do mundo muçulmano. Segundo Isla, “a Mesquita de Córdoba é um património comum de três culturas, porque até os judeus construíram uma sinagoga no local”. A FEERI é o grupo que abriga o maior número de organizações islâmicas na Espanha e o mais radical. À Federação, ligada ao wahabismo e financiada pela Arábia Saudita, pertence ao Imã de Fuengirola, processado por apologia à violência contra mulheres. A diocese de Córdoba já negou a possibilidade de se estabelecer uma oração partilhada entre católicos e muçulmanos na Catedral da cidade e a conversão desta Igreja num “templo inter-religioso”. O Bispo local afirma que “esta partilha não contribui para a convivência pacífica dos diferentes credos”. D. Juan José Asenjo assegurou que a diocese “quer continuar a manter relações de respeito e apreço pelos muçulmanos que vivem connosco”, estando inclusivamente disposta a trabalhar “sinceramente pela mútua compreensão, favorecendo o diálogo inter-religioso mas mantendo a identidade de cada confissão religiosa”. E prosseguiu dizendo que “não ajudaria ao dito diálogo o uso partilhado de templos e lugares de culto, sendo antes gerador de confusão nos fiéis e dando azo à indiferença religiosa”. No passado mês de Dezembro correram rumores que o Presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) recomendava que os muçulmanos utilizassem a Catedral de Córdoba para as suas orações. O serviço de informação da CEE veio desmentir tais afirmações, manifestando num comunicado que D. Ricardo Blázquez, Presidente da CEE, “não recomendou nem recomenda que os muçulmanos rezem na Catedral de Córdoba”, acrescentando ainda que “a única autoridade na matéria é o responsável pelo local, ou seja, o Bispo de Córdoba, no caso D. Juan José Asenjo, que está em directa comunhão com a autoridade da Santa Sé”.