Movimentos Populares: Papa Francisco une-se a «sede de justiça» e apelo por «terra, casa e trabalho»

Encontro mundial reuniu representantes das periferias de todo o mundo no Vaticano

Cidade do Vaticano, 05 out 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que manifestam “a mesma sede de justiça” e o “mesmo grito – terra, casa e trabalho para todos”, aos cerca de cinco mil participantes encerramento do terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, no Vaticano.

“Vocês, organizações dos excluídos e tantas organizações de outros setores da sociedade, são chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão a passar por uma verdadeira crise. Não caiam na tentação da limitação que reduz a atores secundários, ou pior, a meros administradores da miséria existente”, pediu na Sala Paulo VI.

O Papa referiu que a corrupção, a soberba e o exibicionismo dos dirigentes “aumenta o descrédito coletivo, a sensação de abandono e alimenta o mecanismo do medo que sustenta o sistema iníquo”, por isso, pediu que os movimentos populares combatam o medo com uma “vida de serviço, solidariedade e humildade em favor dos povos e especialmente daqueles que sofrem”.

Desde quarta-feira, participam no encontro mundial sobre ‘Três T: Trabalho, Teto, Terra; cuidado da natureza; migrantes e refugiados’ cerca de 200 membros, de 92 Movimentos Populares de 65 países dos cinco continentes.

“Tantas propostas, tanta criatividade, tanta esperança na vossa voz que talvez teriam mais motivos para lamentarem-se, permanecer paralisados nos conflitos, cair na tentação do negativo mas olham em frente, pensam, discutem, propõe e agem”, comentou o Papa que comentou ter conhecimento de encontros realizados em diversos países que é muito importante porque “as soluções reais para as problemáticas atuais não sairão de uma, três ou mil conferências”.

Na sua reflexão, Francisco focou-se em três pontos, “o terror e os muros” numa sociedade onde existem “forças poderosas” que podem “neutralizar” o processo de amadurecimento de uma mudança que seja capaz de “deslocar o primado do dinheiro e colocar novamente no centro o ser humano, ao homem, a mulher”.

“Quem governa então? O dinheiro. Como governa? Com o chicote do medo, da desigualdade, da violência económica, social, cultural e militar que gera sempre mais violência em uma espiral descendente que parece não acabar nunca”, desenvolveu.

Antes de referir-se à “bancarrota e o resgate” destacou “o amor e as pontes”, sendo preciso um projeto-ponte dos povos com o objetivo do “desenvolvimento humano integral” que não se reduz ao consumo, “ao bem-estar de poucos” mas inclui todos os povos e as pessoas “na plenitude da sua dignidade”.

Francisco relembrou também que no último encontro falaram da “necessidade de uma mudança para que a vida seja digna, uma mudança de estruturas” e de como os movimentos populares “são semeadores desta mudança”, a 11 de julho de 2015, Santa cruz de la Sierra, na Bolívia aquando a sua visita pastoral.

No seu discurso, disponível na Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pontífice argentino assinalou a sua “esperança nos jovens” ao destacar a presença de muitos “comprometidos na vida pública” que foram “com humildade escutar e aprender” e recordou a contribuição do ex-presidente da República do Uruguai, José Mujica, que também estava no Vaticano.

CB

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Agência ECCLESIA

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