Morte: Universidade Católica Portuguesa lança pós-graduação para capacitar a agir na perda e no luto

Coordenadora da formação apresenta proposta, destinada a profissionais de saúde e terapeutas, que se inicia em janeiro de 2026

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 29 out 2025 (Ecclesia) – A  Universidade Católica Portuguesa (UCP) lançou uma nova edição da pós-graduação sobre perda e luto, com início em janeiro de 2026.

“A pós-graduação surge como uma oportunidade formativa, criação de competências, uma oportunidade também prática de intervenção neste âmbito para capacitar e tornar-nos mais capazes de agir quer na perda, quer no luto”, afirmou Tânia Afonso, coordenadora do curso, em entrevista à Agência ECCLESIA, transmitida hoje na RTP2 (15h).

A formação é dirigida essencialmente a profissionais de saúde, estando também aberta à participação de outros terapeutas e técnicos cuja intervenção justifique a capacitação nesta área.

“Eu costumo dizer em aula que somos pessoas a cuidar de pessoas. Antes de sermos a nossa profissão, somos pessoas. E portanto, este assunto, quer a perda, quer o luto, é algo que nos toca e temos que estar capacitados pessoalmente para o gerir para depois conseguir intervir em vários âmbitos técnicos e profissionais”, referiu Tânia Afonso.

A coordenadora da pós-graduação reconhece que estes temas “não são muito vendíveis”, acabando por ser “escondidos” e “protegidos”.

Organizada pela Escola de Pós-Graduação e Formação Avançada da Faculdade de Ciências da Saúde e Enfermagem, a 4ª edição da formação centra-se em várias ciências, como a medicina, a sociologia e a antropologia, e aborda várias facetas do luto.

Tânia Afonso explica que o curso vai incluir um seminário inter-religioso, destacando a importância de abordar a perspetiva espiritual.

“Viktor Frankl fala desta noção do sofrimento como a procura de um significado. E o luto nessa adaptação à perda é também essa procura de significado. E por isso não fazia sentido fazer uma pós-graduação sem pensá-la globalmente, às várias ideias, nomeadamente este ano estamos a pensar integrar a noção de marketing nesta temática”, explicou.

Sobre o afastamento das pessoas da realidade da perda, a coordenadora da pós-graduação da UCP considera que, com a evolução das tecnologias da saúde, o sistema de saúde levou a “considerar que o recurso à morte deveria ser tecnicamente assistido”.

“E essa questão de termos muito mais resposta curativa também nos levou a criar as expectativas e talvez descentrarmos um pouco de nós próprios e da noção da nossa própria finitude. De vivermos as perdas antes até de pensarmos ou associarmos apenas o luto à morte”, salientou.

Tânia Afonso observa que, muitas vezes, esta é uma realidade que os pais querem abordar com os filhos, mas não se sentem capacitados.

“Eu diria que antes de censurarmos ou criticarmos a sociedade por se afastar, pensemos antes em capacitá-la para tal, em tornar natural algumas destas etapas e explicar como é que as podemos viver com significado, que o sofrimento faz parte da vida”, indicou.

A 4ª edição da pós-graduação em perda e luto vai funcionar em sistema misto (presencial e online) e realizar-se às sextas-feiras (14h-20h) e sábados (9h-16h), uma vez por mês.

As inscrições já se encontram abertas e exigem o preenchimento de um formulário, disponível online, que deve ser enviado para o e-mail saude.sede@ucp.pt.

HM/LJ/OC

Partilhar:
Scroll to Top