Presidente da associação destaca dedicação, heroísmo e entrega, até à própria morte
A Confederação Portuguesa de Voluntariado (CPV), que inclui, entre outras entidades, a Liga dos Bombeiros Portugueses, enaltece o trabalho dos soldados da paz e critica a falta de meios no combate aos incêndios.
“Não há adjectivos suficientes para realçar a sua dedicação, heroísmo e entrega. Vão até ao limite das forças humanas, que é a própria morte”, afirmou à Agência ECCLESIA o presidente da Confederação, Eugénio Fonseca.
“Temos de estar de coração agradecido pelos riscos que correm porque estão em nome de todos nós, na entrega a uma causa tão nobre como é salvar a natureza, vidas e os bens das pessoas”, salientou o responsável.
É com dificuldade que Eugénio Fonseca explica o que leva os voluntários a oferecer o seu tempo e a arriscar a vida: “Tem de ser uma força de solidariedade muito grande que nasce no íntimo das pessoas para as fazer estar nessa disposição”.
Para o presidente da CPV, o altruísmo dos soldados da paz contradiz a frase “Não há almoços grátis”, que muitas vezes se pronuncia “para pôr em causa a generosidade das pessoas”: “os bombeiros – diz – são a prova evidente de que essa expressão nem sempre é verdadeira”.
Para Eugénio Fonseca, os recursos no combate aos incêndios são “manifestamente insuficientes”.
“Todos os esforços que se façam no sentido de equipar as corporações com os meios necessários, para além de serem um auxílio indispensável, constituem um incentivo para aqueles que dão de si e do seu tempo”, assinala o responsável.
“Há circunstâncias – acrescenta – em que os recursos não devem ser questionados, sobretudo quando está em causa a vida e a sobrevivência das pessoas.”
Questionado sobre se a morte recente de dois bombeiros estaria relacionada com deficiências na sua preparação, Eugénio Fonseca sublinha que “se não fosse a sua competência, estas tragédias teriam consequências muito mais gravosas”.
“Nem todos terão os mesmos níveis de competência. Mas conheço minimamente aquilo que a Liga dos Bombeiros Portugueses vai fazendo e sei que nos últimos anos tem havido um esforço muito grande para capacitar os voluntários”, afirma o responsável.
“Essas capacidades seriam mais notórias se os instrumentos colocados ao seu dispor fossem de igual competência em termos de tecnologias mais avançadas”, frisa Eugénio Fonseca, que admite a possibilidade de “haver por vezes erros de análise” no combate aos fogos, “mas isso faz parte da condição humana”.
A CPV é uma associação que tem como finalidade representar os voluntários de Portugal e as respectivas organizações, quaisquer que sejam os seus domínios de actividade.
A União das Misericórdias Portuguesas, Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Cáritas Portuguesa, Associação de Apoio à Vítima, Fundação Evangelização e Culturas, Corpo Nacional de Escutas e Cruz Vermelha Portuguesa são alguns dos 16 organismos integrados naquela plataforma.