Monte Sião, em Setúbal, reza pela paz

É na diocese de Setúbal, mais precisamente na paróquia de Amora que se encontra a única igreja no país com o orago de N. Sra. do Monte Sião. Foi no século XVI por vontade das suas gentes. Ontem – solenidade da Assunção da Virgem Maria – atingiram o seu ponto mais alto, as festas cívico-religiosas em honra da padroeira desta cidade banhada pelo Tejo. Com cerca de 60.000 habitantes, na sua maioria migrantes internos e imigrantes, a paróquia viveu ontem a sua festa-mãe. A mais antiga: aquela que faz memória das suas origens e religiosidade. Outras festas acontecem, mas mais ligadas a bairros particulares (Foros de Amora e Quinta da Princesa) ou a comunidades imigrantes (caboverdianos, moçambicanos e goeses, brasileiros, sãotomenses). A padroeira reuniu portugueses residentes e emigrantes num abraço pátrio, forasteiros e estrangeiros na mesma procissão, no único cortejo de fraternidade reconciliada, numa mesma comunidade que quer assumir as várias pertenças culturais na fé em Jesus Cristo. A paróquia, animada por uma equipa de missionários, procura consolidar a sua identidade cristã através da valorização da religiosidade popular das suas gentes, mantendo e renovando as tradições da origem e assumindo outras raízes trazidas por cristãos de outras origens que se estão a fixar no território, fruto da mobilidade que marca esta região. A renovação acontece graças à tensão criada pelo diálogo entre tradições religiosas diversas. Uma festa com origem na devoção dos Cruzados para matar as “saudades de Sião” e que, mais tarde, pela mão do beato Nuno de Santa Maria – senhor das terras e moinhos de maré da margem sul – surge uma pequena igreja no alto do monte, acima do aldeamento de pescadores, mareantes, construtores navais e operários fabris que caracterizou Amora até há 50 anos atrás. Como acontece todos os anos, o adro encheu-se de povo para celebrar as suas raízes cristãs numa terra profundamente marcada pela diversidade das suas gentes, causada pelo forte urbanismo em expansão que atrai muitas famílias de fora e que faz desta paróquia um dos grandes dormitórios de Lisboa, facilitado pela crescente facilidade nos acessos à capital. Celebrar a Solenidade litúrgica da Assunção no Monte Sião de Amora significou para aquela assembleia um forte momento de união com o Monte Sião de Jerusalém onde Maria “adormeceu” na glória do seu Filho”. Significou ainda a insistente invocação de paz para a Terra Santa onde forças políticas se digladiam e matam inocentes, sobretudo, mulheres e crianças.

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