Francisco encorajou «todos os cidadãos mongóis» ao voluntariado, alertando para alguns «mitos» associados
Ulan Bator, 04 set 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje na inauguração da ‘Casa da Misericórdia’, que vai receber pessoas em situação de vulnerabilidade, na capital da Mongólia, que onde há “acolhimento, hospitalidade e abertura ao outro, respira-se o bom odor de Cristo”.
“A Casa da Misericórdia propõe-se como ponto de referência para uma multiplicidade de intervenções sociocaritativas, mãos estendidas aos irmãos e irmãs que lutam para enfrentar os problemas da vida. É uma espécie de porto onde podem atracar, onde encontram escuta e compreensão”, disse Francisco, neste encontro com agentes da caridade, no discurso divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
A nova estrutura vai acolher temporariamente pessoas em situação de vulnerabilidade, como migrantes e em situação de sem-abrigo, tem uma clínica e profissionais e voluntários que vão estar em contrato com estruturas de saúde, com a polícia local e assistentes sociais.
“Gosto muito do nome que lhe quisestes dar: ‘Casa da Misericórdia’. No binómio «casa» e «misericórdia», temos a definição da Igreja, chamada a ser morada acolhedora onde todos podem experimentar um amor superior, que toca e comove o coração: o amor terno e providente do Pai, que nos quer irmãos, que nos quer irmãs na sua casa.”
No último compromisso da 43ª viagem apostólica, entre realizada entre quinta-feira e hoje (31 agosto-4 de setembro), Francisco afirmou que “onde há acolhimento, hospitalidade e abertura ao outro, respira-se o bom odor de Cristo”.
O Papa destacou a importância do voluntariado, na vida das pessoas e das nações/comunidades, um “modo de servir” que parece uma “aposta perdedora”, mas, quando se aposta descobre-se que “aquilo que se dá sem esperar retribuição não é desperdiçado, torna-se uma grande riqueza para quem oferece tempo e energias”.
“O verdadeiro progresso das nações não se mede pela riqueza económica e menos ainda pelo valor investido na força ilusória dos armamentos, mas pela capacidade de prover à saúde, à educação e o crescimento integral do povo. Quero encorajar todos os cidadãos mongóis, conhecidos pela sua magnanimidade e capacidade de abnegação, a empenharem-se no voluntariado, colocando-se à disposição dos outros.”
Segundo Francisco, na ‘Casa da Misericórdia’ têm “um ‘ginásio’ sempre aberto”, onde é possível exercitar os “desejos de bem-fazer e treinar o coração”.
Neste contexto, o Papa também dissipou “alguns ‘mitos’” associados à prática do voluntariado, nomeadamente a “ilusão” de que “só as pessoas ricas se podem comprometer no voluntariado”, quando realidade indica o contrário, que a Igreja Católica faz por proselitismo, afirmando que “a Igreja avança através da atração”, e ainda a compensação económica “como única forma de cuidar do outro”.
“Apraz-me imaginar esta ‘Casa da Misericórdia’ como o lugar onde pessoas de diferentes «credos» e mesmo não-crentes unem os seus esforços aos dos católicos locais para socorrer compassivamente tantos irmãos e irmãs em humanidade”, salientou, destacando a palavra compaixão, “a capacidade de sofrer com o outro”, e dissipou um terceiro mito,
O Papa foi recebido música, a saudação do diretor da nova obra, o padre salesiano Andrew Tran Le Phuong, ouviu dois testemunhos – de uma mulher portadora de deficiência e de uma religiosa voluntária – e assistiu a um espetáculo de canto protagonizado por jovens.
O portal ‘Vatican News’ informa que a ‘Casa da Misericórdia’ é uma “estrutura inédita”, foi realizada por iniciativa da Nunciatura Apostólica de Ulan Bator, com a ajuda das Obras Pontifícias Missionárias da Austrália; o edifício no bairro de Bayangol, parte central da capital, era uma escola católica.
CB