Francisco torna-se o primeiro pontífice a presidir a Missa no território mongol, que acolhe pequena comunidade católica
Ulan Bator, 03 set 2023 (Ecclesia) – Francisco tornou-se hoje o primeiro Papa a presidir à Missa em território mongol, junto da pequena comunidade católica local, apresentando a fé cristã como resposta para a “sede” de felicidade.
“Trazemos dentro de nós uma sede inextinguível de felicidade; andamos à procura de significado e orientação para a nossa vida, de motivação para as atividades que realizamos cada dia. Queridos irmãos e irmãs, a fé cristã é resposta a esta sede”, disse, na homilia da celebração, que reuniu cerca de duas mil pessoas na Arena Estepe, de Ulan Bator, capital da Mongólia.
A Eucaristia contou com a presença de católicos de vários países, como China, Filipinas, Vietname ou Camarões.
A comunidade católica da Mongólia, com cerca de 1500 pessoas, representa cerca de 0,04% da população local.
Francisco falou de um “território imenso, rico de história e cultura, mas caraterizado também pela aridez da estepe e do deserto”.
“Todos somos nômadas de Deus, peregrinos à procura da felicidade, viandantes sedentos de amor”, sustentou.
O Papa convidou todos a fazer da sua vida uma “oferta de amor”, a Deus e ao próximo.
“Se pensamos que o sucesso, o poder, as coisas materiais são suficientes para saciar a sede das nossas vidas, esta é uma mentalidade mundana, que não leva a nada de bom, pelo contrário deixa-nos mais áridos do que antes”, advertiu.
No coração do cristianismo, temos esta notícia impressionante e extraordinária: quando perdes a tua vida, quando a ofereces generosamente, quando a pões em risco comprometendo-a no amor, quando fazes dela um dom gratuito para os outros, então a vida volta para ti em abundância, derrama dentro de ti uma alegria que não passa, uma paz do coração, uma força interior que te sustenta”.
No final da Missa, Francisco saudou os presentes, manifestando reconhecimento a “quantos ajudam a Igreja local, apoiando-a espiritual e materialmente”.
“Um obrigado grande a vós, povo mongol, pelo dom da amizade que recebi nestes dias, pela vossa capacidade genuína de apreciar até os aspetos mais simples da vida, de preservar sabiamente as relações e as tradições, de cultivar com cuidado e solicitude a vida do dia-a-dia”, declarou.
O Papa quis lembrar a oração do padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin – “sacerdote muitas vezes incompreendido” – rezada há 100 anos, no Deserto de Ordos, na Mongólia: “Prostro-me, meu Deus, diante da vossa presença no Universo volvido ardente e, sob os traços de tudo o que eu encontrar, e de tudo o que me acontecer, e de tudo o que realizar no dia de hoje, desejo-vos e espero-vos”.
Antes da celebração, Francisco encontrou-se com a mulher que encontrou uma imagem de Nossa Senhora, atirada ao lixo, e a devolveu à comunidade católica.
O Papa iniciou na tarde de quinta-feira, em Roma, uma visita inédita à Mongólia, a 43ª viagem apostólica internacional do pontificado, com o lema “Esperar juntos”.
A visita apostólica encerra-se esta segunda-feira, com a inauguração da Casa da Misericórdia, onde Francisco vai ser recebido pelos trabalhadores de um centro de acolhimento para pessoas em dificuldade.
A chegada a Roma está prevista para as 17h20 locais (menos uma em Lisboa).
OC