Agência ECCLESIA esteve em Chisinau com D. Anton Cosa
Chisinau, 31 jul 2017 (Ecclesia) – O bispo da única diocese católica na Moldávia, nação saída da antiga União Soviética, destaca uma Igreja reconstruída a partir “do zero” que tem procurado, enquanto minoria, contribuir para o futuro daquele jovem país.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, que pode ser acompanhada na edição mais recente do programa 70×7, D. Anton Cosa recorda que quando chegou ao território, em 1990, “não havia nada”, depois da maior parte das paróquias terem sido fechadas e os padres obrigados a sair do país, durante o domínio soviético.
“Tínhamos apenas dois sacerdotes, que não tínhamos igrejas, não tínhamos instituições, não tínhamos Cáritas, não tínhamos congregações. E do nada fomos fazendo crescer, pouco a pouco, paulatinamente, uma obra”, salienta aquele responsável.
D. Anton Cosa, de 56 anos, era responsável pela única paróquia católica naquele país de maioria ortodoxa, a paróquia de Chisinau, quando esta foi elevada a administração apostólica, em 1993, e a diocese em 2001.
Nomeado bispo pelo Papa João Paulo II, o prelado assumiu depois os destinos da diocese, que atualmente integra 20 paróquias e várias instituições empenhadas nas mais variadas áreas pastorais, como as migrações, a pastoral social, a pastoral universitária, a liturgia e catequese, a vida consagrada, a comunicação social e a pastoral juvenil.
“Podemos dizer que é uma Igreja pequena mas ativa, muito empreendedora, que nestes últimos 25 anos da sua existência, renovada desde 1993, tem procurado desenvolver muitas comunidades, muitas instituições, tanto no plano pastoral como social”, aponta aquele responsável.
Em 1995 foi criada a Cáritas Moldávia, mais orientada para o apoio às comunidades mais carenciadas, os pobres, os sem-abrigo, os mais idosos, as famílias desestruturadas, aos jovens que ficaram sem pai ou sem mãe.
Recorde-se que, desde a independência da nação em 1991, milhares de moldavos vieram para a Europa, inclusivamente para Portugal, em busca de um futuro melhor.
Os mais novos são uma das maiores preocupações da Igreja Católica local, apostada em criar condições para que estes possam ter uma educação e contribuir para o futuro do seu país.
“Nós procuramos dar aos nossos jovens, através dos projetos da Cáritas, de outras instituições católicas, a oportunidade de poderem estudar, de terem uma profissão. Temos uma excelente iniciativa dos nossos salesianos que proporcionam uma escola para os jovens, por exemplo”, adianta D. Anton Cosa.
Atualmente o Governo moldavo, em conjunto com outras instituições e organismos nacionais, estão a apostar no turismo como forma de alavancar a economia e a sustentabilidade das populações.
Numa região rica em espaços verdes, cuja economia depende muito da agricultura e da produção vitivinícola, a incidência tem sido em áreas como o turismo rural e o turismo enogastronómico.
O bispo de Chisinau lembra também o vasto património religioso que marca a Moldávia e que pode ser potenciado junto dos visitantes, também enquanto forma de recordar e homenagear todos quantos aqui “sofreram pela sua fé”.
“Tantos sacerdotes, irmãs e também leigos foram afastados para longe apenas pelo desejo de alguns, para fazerem desaparecer a Igreja, para retirar da mente das pessoas, do seu coração, Deus. Não foram bem-sucedidos. E por isso digo que se poderia criar esta peregrinação espiritual com base nos passos dos nossos mártires”, refere D. Anton Cosa.
Em 2018, a Diocese de Chisinau vai assinalar 25 anos de existência e sonha fazê-lo com a presença do Papa Francisco.
“Queremos muito que isso aconteça! Percebe-se que dentro de um ano, talvez dois anos, o Papa pode vir a visitar a Roménia. E como nós somos vizinhos, quem sabe?”, diz D. Anton Cosa.
JCP