“A situação é dramática” e D. Alberto Vera enviou um apelo através da Fundação AIS a pedir as orações de todos

Nacala, Moçambique, 20 nov 2025 (Ecclesia) – Pelo menos quatro cristãos foram mortos – um deles decapitado – na última semana na Diocese de Nacala, que faz fronteira com a província de Cabo Delgado, em Moçambique.
“A situação é dramática” e D. Alberto Vera, Bispo de Nacala, enviou um apelo através da Fundação AIS a pedir as orações de todos, dizendo que as “populações estão aterrorizadas e sem saída”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Há relatos de centenas de casas queimadas e de milhares de pessoas em fuga”, realça.
Toda esta violência ocorreu na zona que foi visada já em Setembro de 2022, quando os terroristas atacaram a missão da Igreja e mataram a tiro a Irmã Maria de Coppi.
Durante a semana passada, desde o dia 10 de Novembro, que o distrito de Memba, na província de Nampula, em Moçambique, tem estado debaixo de ataque por parte dos grupos terroristas que desde 2017 assolam a região norte de Moçambique.
Diversas localidades foram atacadas, havendo centenas de casas incendiadas, milhares de pessoas em fuga e pelo menos quatro cristãos mortos e duas capelas incendiadas.
Há também relatos de pessoas sequestradas, nomeadamente mulheres e crianças.
“Foi uma semana de terror e de muito sofrimento”, descreveu D. Alberto Vera, em mensagem enviada para a Fundação AIS em Lisboa.
Uma mensagem em que o Bispo de Nacala referiu a fuga de milhares de pessoas que procuravam abrigo nas cidades, tentando assim escapar à fúria dos homens armados que reivindicam pertencer ao grupo jihadista Estado Islâmico.
As dificuldades de comunicação tornam difícil perceber o número exato dos que abandonaram as suas casas, as suas aldeias.
Mas D. Alberto Vera assegura que foram milhares de pessoas.
“São milhares de famílias que estão em sofrimento e que estão a fugir do terror dos terroristas. A confusão é muito grande. (…) Há várias aldeias em que queimaram a maioria das casas e há lugares em que houve mortos”, acentuou.
O Bispo de Nacala refere ainda, na mensagem enviada para a Fundação AIS, que “numa das aldeias” os terroristas “mataram quatro cristãos, e que um deles foi decapitado, tiraram a cabeça”.
Perante esta situação é urgente apoio humanitário de emergência para todas estas populações deslocadas.
“Falta sobretudo alimentos, kits básicos para atender as pessoas mais necessitadas, principalmente mulheres e crianças, que são as que vão à cabeça quando se dá a fuga de um lugar, e também os nossos padres.”
A ONU estimou, entretanto, que cerca de 128 mil pessoas tenham fugido, em apenas uma semana, das povoações de Lúrio e Mazula, no distrito de Memba, província de Nampula, após ataques dos grupos extremistas.
De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), os primeiros relatos indicam que algumas casas – e uma escola – foram incendiadas, que propriedades foram saqueadas e civis mortos, feridos ou sequestrados.
“Estão em curso deslocamentos populacionais, estima-se que 80% da população de Lúrio e Mazula (aproximadamente 128.000 pessoas) tenha fugido para áreas de mata próximas ou para outros distritos”, refere a ONU no referido relatório consultado pela Fundação AIS.
LFS
