D. Júlio Duarte Langa confessa «alegria» depois da surpresa que representou a sua nomeação cardinalícia
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 14 fev 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco criou hoje no Vaticano o segundo cardeal moçambicano da história deste país lusófono, D. Júlio Duarte Langa, que se manifestou satisfeito por ver uma Igreja viva, depois de anos de guerra e sofrimento.
“A nossa Igreja ainda tem vida e tem futuro”, referiu à Agência ECCLESIA, durante a sessão de cumprimentos que decorreu esta tarde, no Palácio Apostólico do Vaticano, após o consistório da manhã.
O cardeal moçambicano, de 87 anos, foi bispo de Xai-xai, no sul do país africano, entre maio de 1976 (então ainda com a denominação de Diocese de João Belo) e junho de 2004, tendo sido ordenado bispo pelo primeiro cardeal de Moçambique, Alexandre dos Santos.
“A Igreja em Moçambique agora está bastante bem com o Governo. Há realmente uma esperança, uma grande esperança”, assinala D. Júlio Duarte Langa.
O bispo emérito soube da nomeação cardinalícia através da “comunicação social”, uma notícia que recebeu com espanto e “alegria”.
“Já era bispo emérito há dez anos, estava só à espera que o meu pai do Céu me chamasse, mas agora o Papa chama-me para trabalhar, é uma surpresa grande, com certeza”, confessa.
A biografia oficial entregue pelo Vaticano aos jornalistas que acompanharam o consistório sublinha que o novo cardeal é considerado “como um pai” por muitos padres moçambicanos, por causa das responsabilidades que teve na formação do clero diocesano, no seio da Conferência Episcopal.
D. Júlio Duarte Langa é recordado como o homem que “dirigiu, uma diocese com grande extensão territorial durante quase trinta anos caraterizados por uma sangrenta guerra civil”, até aos acordos de paz de 1992.
“Procurou manter viva a prática religiosa e dar novo impulso à Igreja, numa região particularmente enfraquecida, atingida por carestias, epidemias e catástrofes naturais”, acrescenta o texto.
O novo cardeal foi responsável pela tradução dos documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965) para as línguas nativas de Moçambique.
OC