Aquele país é prioritário para a Fundação AIS no continente africano
Lisboa, 06 out 2025 (Ecclesia) – Os grupos terroristas que atuam na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, estão particularmente ativos desde há uns meses e têm deixado “um rasto de medo e destruição por onde passam”.
Um professor primário, em testemunho enviado para a Fundação AIS em Lisboa, relata que os terroristas “queimam tudo” desde casas e Igrejas, mas também matam e raptam pessoas.
O diretor de uma escola pública numa aldeia no distrito de Chiúre, em Cabo Delgado, testemunhou o rapto de seis raparigas, crianças ainda, que frequentavam as suas aulas, durante uma passagem muito recente de terroristas pela zona, situada no norte de Moçambique.
Em mensagem de voz, enviada para a Fundação AIS em Lisboa, o professor primário, relata o que sucedeu quando a sua aldeia foi visitada por um grupo de terroristas, que reivindicam pertencer ao Daesh, a organização jihadista Estado Islâmico.
“Vieram os insurgentes, levaram seis crianças, e essas seis crianças eram da segunda e da quinta classe. Eles vieram, levaram aquelas crianças e, [por causa disso], não temos mais crianças para ir na escola. As crianças têm medo por causa daqueles insurgentes, e não temos como trabalhar.”
No seu relato, enviado para a AIS através do padre Kwiriwi Fonseca, o professor descreve como os terroristas atuam, deixando normalmente atrás de si um rasto de medo, mas também de muita destruição.
“Às vezes, eles vêm, queimam tudo, igrejas, e casas, e matam pessoas”.
A aldeia de Eduardo Mondlane, situada também na região de Chiúre, foi atacada recentemente por homens armados que “degolaram, que mataram algumas pessoas”, relata o padre Kwiriwi Fonseca.
O padre Fonseca lembra ainda que a passagem dos homens armados pelas aldeias de Cabo Delgado se tem traduzido normalmente em mortes, no desaparecimento de pessoas, mas também na destruição de casas e infraestruturas, nomeadamente igrejas e capelas e que isso afeta diretamente a comunidade cristã.
“Estamos a falar” – diz o padre – “na destruição de capelas nestas regiões. Muitos cristãos já não têm onde rezar. Hoje, domingo [dia em que enviou a mensagem], em muitos lugares [os cristãos] não tiveram templo para celebrar a Palavra de Deus, para celebrarem o Dia do Senhor…”
Moçambique é um país prioritário para a Fundação AIS no continente africano. A solidariedade dos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre tem permitido levar a este país, especialmente à região de Cabo Delgado, diversos projetos de assistência pastoral e de apoio psicossocial às populações vítimas do terrorismo, mas também fornecimento de materiais para a construção de dezenas de casas, centros comunitários e ainda a aquisição de veículos para os missionários que trabalham junto dos centros de reassentamento que abrigam as famílias fugidas da violência.
Desde que começaram os ataques em Cabo Delgado, em Outubro de 2017, calcula-se que já tenham morrido mais de seis mil pessoas e mais de um milhão foram forçadas a fugir da violência dos grupos terroristas que reivindicam, cada vez com mais frequência, pertenceram ao Daesh, a organização jihadista estado Islâmico.
LFS