Francisco apela ao apoio da comunidade internacional para a «necessária reconstrução»
Maputo, 05 set 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco evocou hoje as vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, no seu primeiro discurso em Moçambique, apelando ao apoio da comunidade internacional para a “necessária reconstrução” das regiões afetadas.
“Quero que as minhas primeiras palavras de proximidade e solidariedade sejam dirigidas a todos aqueles sobre quem se abateram recentemente os ciclones Idai e Kenneth, cujas devastadoras consequências continuam a pesar sobre tantas famílias, principalmente nos lugares onde ainda não foi possível a reconstrução, requerendo esta especial atenção”, disse, no Palácio Ponta Vermelha, durante um encontro com representantes políticos, da sociedade civil e do corpo diplomático.
Em março deste ano, o Idai vitimou 600 pessoas e afetou mais de 1,5 milhões de pessoas, sobretudo na região da Beira; semanas depois, o mesmo território foi atingido pelo Kenneth.
“Infelizmente, não poderei ir pessoalmente até junto de vós, mas quero que saibais que partilho a vossa angústia, sofrimento e também o compromisso da comunidade católica para fazer frente a tão dura situação”, referiu Francisco, cuja estadia de três dias em Moçambique se centra em Maputo.
“No meio da catástrofe e da desolação, peço à Providência que não falte a solicitude de todos os atores civis e sociais que, pondo a pessoa no centro, sejam capazes de promover a necessária reconstrução”, acrescentou.
Após ter chegado a Moçambique ao final da tarde desta quarta-feira, o Papa manifestou a sua alegria por se encontrar novamente na África, elogiando um país “tão abençoado pela sua beleza natural como pela sua grande riqueza cultural que traz, à provada alegria de viver do vosso povo, a esperança num futuro melhor”.
A intervenção deixou preocupações ecológicas, sustentando que “a defesa da terra é também a defesa da vida”.
Francisco denunciou a “pilhagem e espoliação” de recursos naturais, ao serviço de interesses estranhos à população moçambicana.
“Uma cultura de paz implica um desenvolvimento produtivo, sustentável e inclusivo, onde cada moçambicano possa sentir que este país é seu, e no qual possa estabelecer relações de fraternidade e equidade com o seu vizinho e com tudo o que o rodeia”, defendeu.
Na sua saudação, o Papa deixou votos de um “renovado futuro de paz e reconciliação” para o país lusófono.
A quarta viagem de Francisco ao continente africano prossegue até ao dia 10 de setembro, com passagens por Madagáscar e a Maurícia.
OC