Moçambique: Fundação pontifícia diz que terroristas «assassinaram pelo menos 11 cristãos», na província de Cabo Delgado

Missionário católico relata que população «está assustada» após ataque reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 18 set 2023 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informa que “pelo menos 11 cristãos” foram assassinados, na última sexta-feira, na aldeia de Naquitengue, distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

“Infelizmente, quando acontece este tipo de situação, a população fica assustada; rezemos pelos nossos irmãos que tanto sofrem”, disse frei Boaventura, do Instituto da Fraternidade dos Pobres de Jesus, à AIS.

Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, pela fundação pontifícia, o missionário explica este ataque aconteceu numa altura em que muitas pessoas começavam a regressar às suas terras de origem, o que gera “novos momentos de tensão e insegurança”.

A AIS contextualiza que os terroristas chegaram à aldeia de Naquitengue, no distrito de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, ao início da tarde de sexta-feira, e convocaram a população, separaram os cristãos dos muçulmanos, “com base nos nomes” para serem identificados segundo as etnias.

Depois, os terroristas “abriram fogo contra os cristãos”, que pertenciam maioritariamente à etnia Makonde, e há também registo de casas queimadas e de bens destruídos.

Frei Boaventura recorda que “esta estratégia já aconteceu no passado”, os terroristas usaram o mesmo método de “separarem os cristãos dos muçulmanos”, em outros ataques.

A AIS adianta que, este domingo, o autoproclamado Estado Islâmico que reivindicou o ataque aponta para 11 mortos, mas o número de vítimas deve ser superior, e há vários feridos; este ataque decorreu cerca de um mês depois de as autoridades militares de Moçambique anunciarem a morte de Bonomade Machude Omar, que era considerado o líder dos terroristas no norte deste país lusófono.

Para o secretariado português da Fundação pontifícia AIS, este ataque, mostra a importância dos constantes apelos do bispo de Pemba para que o mundo não se esqueça de Cabo Delgado e do sofrimento das suas populações.

“Há em Cabo Delgado uma guerra que o mundo menos fala. Já foram contabilizados cerca de 1 milhão de deslocados internos e perto de cinco mil mortos”, alertava D. António Juliasse, numa mensagem enviada no início da JMJ Lisboa 2023, onde incentivava os jovens a “denunciarem e agirem vigorosamente contra a atrocidade das guerras”.

A violência jihadista na Província de Cabo Delgado colocou o país na classificação mais grave de violações à liberdade religiosa no mundo, no relatório publicado pela fundação pontifícia, apresentado no dia 22 de junho; os ataques terroristas nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, começaram em outubro de 2017.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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