Moçambique: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre denuncia rapto de crianças em Cabo Delgado

Sacerdote Passionista na diocese de Pemba dá conta de ataques no fim de julho e início de agosto e à deslocação de 50 mil pessoas, agravando a «crise humanitária»

 

Lisboa, 08 ago 2025 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre denunciou hoje o rapto de crianças, em Cabo Delgado, Moçambique, realizado por terroristas, que tem provocado a fuga de “milhares de pessoas”, apesar de internacionalmente a situação estar remetida ao esquecimento.

“A crise humanitária provocada por esta guerra, que dura já quase oito anos, tende a ser menosprezada, silenciada. O silêncio incomoda-nos numa altura em que milhares e milhares de irmãos de Cabo Delgado, principalmente [na região] de Chiúre, viram os ataques aumentarem a crise, viram as suas casas a ser queimadas, viram os seus filhos a ser raptados, e eles viram-se [na situação] de deslocados de guerra nas várias partes da província, nas várias partes do país, também em Nampula, que é uma província vizinha”, descreve o padre Kwiriwi Fonseca, da Diocese de Pemba, numa mensagem enviada pela FAIS à Agência ECCLESIA.

A Organização das Nações Unidas estima que cerca de 50 mil pessoas tenham fugido da região de Chiúre, na província de Cabo Delgado, facto que faz aumentar a “crise humanitária vivida no norte de Moçambique”.

O padre Kwiriwi Fonseca, padre passionista da Diocese de Pemba, pede “urgente” intervenção no resgate das crianças.

“Esta guerra sem rumo só mata, mata, mata, e tira a pouca esperança que o povo, principalmente as crianças, tinham. Essas crianças devem ser devolvidas [aos pais], devem ser procuradas onde quer que se encontrem, para serem devolvidas aos seus pais porque essas crianças merecem sonhar, essas crianças merecem ter um futuro melhor”, afirma.

O sacerdote teme que o mundo esqueça o que está a acontecer em Moçambique, a violência iniciada em outubro de 2017 com ataques de grupos terroristas ligados ao Estado Islâmico, e agravada pelos ciclones que provocam destruição de habitações, de infraestruturas e de campos agrícolas.

Os recentes ataques foram registados entre os dias 20 a 28 de Julho, nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe, e esta semana, nos dias 6 e 7 de Agosto, nos distritos de Palma, Meluco e Quissanga.

As pessoas que fugiram das suas casas precisam de ajuda para recuperar, nomeadamente, de assistência básica humanitária desde comida, lonas e proteção, pede a FAIS.

“Estou aqui para poder denunciar veementemente esta guerra que deve acabar, porque Moçambique precisa de paz. Nós queremos a paz, nós queremos a paz…”, repete na mensagem enviada para a Fundação AIS.

O padre Kwiriwi Fonseca dá ainda conta do encerramento de 90 escolas, decorrente da violência dos grupos terroristas, uma situação que afeta 50 mil crianças e jovens.

Desde o início dos ataques em Cabo Delgado, estima-se a morte de seis mil pessoas e mais de 1 milhão forçadas a fugir, a abandonar as suas casas e tudo o que possuíam.

LS

Partilhar:
Scroll to Top