Moçambique: Episcopados lusófonos condenam «bárbaros atos de violência» em Cabo Delgado

XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos decorreu em Lisboa

 

Alfragide, 12 set 2025 (Ecclesia) – Os episcopados lusófonos condenaram hoje, em comunicado, os “bárbaros atos de violência” em Cabo Delgado, norte de Moçambique, que enfrenta uma rebelião armada, responsável por milhares de mortes e mais de um milhão deslocados.

“Manifestamos de modo especial a nossa profunda solidariedade e apoio para com o povo de Cabo Delgado (Moçambique), desde 2017 vítima de bárbaros atos de violência, destruição e morte, que veementemente condenamos. Exortamos de novo a comunidade internacional a contribuir para uma efetiva situação de paz em Cabo Delgado”, referem os participantes no XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, no comunicado final do encontro, que se iniciou esta terça-feira, em Lisboa.

O documento foi apresentado em conferência de imprensa, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima (Dehonianos), em Alfragide.

Sob o lema ‘viver a paz na hospitalidade’, os trabalhos reuniram responsáveis católicos de oito nações, os quais deixaram um apelo a uma “cultura de pontes, reconciliação e paz”.

“Lamentamos vivamente as guerras em curso que tiram a dignidade e a vida de milhões de pessoas em diferentes regiões do mundo, especialmente na África, na Europa e no Próximo Oriente”, indicam os bispos.

Rezamos pelos povos que são vítimas das extremas violências e mortes, e apelamos aos líderes políticos que acabem as guerras e estabeleçam o diálogo para a edificação da paz.”

Segundo os bispos lusófonos, “num momento em que as relações internacionais e o sentido de uma comunidade global estão ameaçados e em que aumenta a tendência para a defesa e protecionismo, é fundamental restabelecer a diplomacia da fraternidade”.

Os participantes convidaram as várias Igrejas de língua portuguesa a “identificar programas concretos de parceria e cooperação”.

O comunicado final sustentou a definição das “condições e critérios de colaboração em relação ao intercâmbio de padres e agentes pastorais”.

Os passos propostos devem passar pela “existência de um protocolo entre a diocese que envia e a diocese que acolhe, envolvendo as conferências episcopais como coordenadoras nesse processo; definição do objetivo e projetos de modo concreto (estudo, formação, trabalho pastoral, duração da colaboração, etc.); previsão de processos de inserção e inculturação, preparados pelas conferências episcopais”.

D. José Manuel Imbamba, presidente da CEAST – Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, respondeu a uma questão sobre o corte ao financiamento nas ajudas ao desenvolvimento, por parte de países europeus e dos EUA, pedindo uma “nova visão”.

“Às vezes queremos viver de ajudas, na eterna dependência”, advertiu o arcebispo de Saurimo.

O responsável deixou votos de que “os próprios governos africanos saibam aproveitar os recursos disponíveis, sem se deixarem instrumentalizar”.

Os participantes no encontro acompanham, entre hoje e amanhã, as celebrações da peregrinação aniversária internacional de setembro, em Fátima.

O XVII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos vai decorrer em São Tomé e Príncipe, de 12 a 17 de janeiro de 2027.

OC

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