Nota Pastoral sublinha necessidade de superar «feridas do passado» e construir futuro marcado pela fraternidade

Maputo, 25 jun 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) pede que a celebração dos 50 anos de independência do país, que se assinalam hoje, marque o início de uma “nova era” de paz.
“Ao celebrarmos o jubileu da independência, somos convidados a ver este marco não apenas como uma lembrança do passado. mas como o início de uma nova era construída sobre os alicerces da fraternidade e da paz”, referem os bispos católicos, numa nota pastoral intitulada “Reconciliação e Esperança: Caminho para a Paz e Unidade”.
Segundo os responsáveis, “a paz e a unidade são anseios profundos que brotam do coração de cada moçambicano”.
“A nossa nação, marcada por desafios históricos, percorreu um longo caminho rumo à liberdade e à construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Após anos de luta pesa independência e os sofrimentos causados pela guerra civil e pelas consequentes dificuldades socioeconómicas, Moçambique deve continuar a buscar caminhos de reconciliação e renovação”, pode ler-se na nota, publicada após a última assembleia do episcopado moçambicano.
A CEM fala num “momento especial” em que o país celebra 50 anos de independência e a Igreja Católica vive o Jubileu.
“Esta nota pastoral pretende ser uma mensagem de esperança e um compromisso para a cura das feridas do passado e para a construção de um futuro de paz no nosso país”, indicam os bispos.
O documento identifica como prioridades a “promoção da justiça, perdão e restauração das relações”.
“Ao longo da sua história, Moçambique enfrentou momentos de grande dor e sofrimento que deixaram marcas profundas na sua identidade como nação. As feridas causadas pelos vários conflitos ainda estão presentes na vida de muitos moçambicanos e exigem um compromisso verdadeiro com a cura e a reconciliação”, apontam os bispos.
Moçambique carrega cicatrizes profundas de sua história antiga e recente. A luta pela independência, que durou uma década, e a subsequente guerra civil, que devastou o país por 16 anos, deixaram marca indelével de amarguras e sofrimento nas comunidades. Milhares de vidas foram perdidas e muitas famílias ainda sentem a dor da perda de entes queridos, das divisões e das injustiças que marcaram os conflitos.”
A CEM recorda que, após a assinatura dos Acordos de Paz em 1992, surgiram novos conflitos e violências, sinal de que “as causas e as consequências dos anos de guerra não desapareceram definitivamente”, dando como exemplos a insurgência em Cabo Delegado e a recente violência pós-eleitoral.
“Somos todos chamados a ser artífices da esperança, da paz e da reconciliação: independentemente da nossa condição social, crença religiosa ou filiação partidária, cada um de nós carrega a responsabilidade de construir um futuro onde o perdão vença o rancor”, conclui a CEM, pedindo gestos concretos que “curem feridas e fortaleçam os laços”.
A cerimónia principal das celebrações dos 50 anos de independência, em Moçambique, decorre em Maputo e é dirigida pelo presidente da República, Daniel Chapo, com a presença de vários chefes de Estado, incluindo o de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
OC