Cabo Delgado, Moçambique, 17 jun 2021 (Ecclesia) – O catequista Paulo Agostinho Matica, da Paróquia de São Bento de Palma, na Diocese moçambicana de Pemba, guardou os livros de registo dos ataques dos terroristas, realizados a 24 de março, e entregou-os este mês ao administrador apostólico.
“Já sabia da dedicação deste nosso animador com a paróquia de São Bento de Palma, mas não deixa de ser uma surpresa muito agradável e até de muita admiração pelo facto de se ter preocupado em salvar os livros dos registos da paróquia, disse D. António Juliasse, numa celebração a 4 de junho, em Pemba, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o administrador Apostólico da Diocese destacou que “num momento difícil, de ataques, de disparos, de mortes e de fugas” existe o “testemunho de amor” de Paulo Matica com “a Igreja de Deus, uma Igreja que ama e cuida”.
O catequista moçambicano explicou à fundação pontifícia que no dia dos ataques estava a trabalhar na paróquia, “na casa dos padres”, e os terroristas do grupo Al-Shabaab começaram a atacar Palma, na tarde de 24 de março.
Paulo Matica teve como objetivo salvar os “livros de assento” da Paróquia de São Bento de Palma, na Diocese de Pemba, onde estão os registos de casamentos, batizados e crismas.
O animador que ficou escondido na casa paroquial, ao terceiro dia, fugiu para outras aldeias nos arredores da vila de Palma, sempre com os livros que considera “o tesouro” da paróquia.
Na vila de Senga, por exemplo, Paulo Matica recorda à AIS que encontrou uma pequena comunidade cristã que pediram-lhe para rezar, antes de regressar à Paróquia de Palma, onde encontrou a igreja e a casa sacerdotal saqueada, “levaram o dinheiro, um plasma e até a motorizada”, e sinais de destruição.
A violência provocou mais de dois mil mortes e cerca de 700 mil descolados, 20% da população da Província de Cabo Delgado, desde 2017.
CB
