Projeto tem financiamento da Fundação AIS e colaboração de sacerdote português
Paulo Aido, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, em serviço especial para a Agência ECCLESIA
Maputo, 24 nov 2021 (Ecclesia) – A Diocese de Nacala, no nordeste de Moçambique, está a promover um serviço de apoio psicossocial para os deslocados de Cabo Delgado, vítimas do terrorismo que tem vindo a assolar a região.
A iniciativa da Cáritas diocesana conta com o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
O padre Mário João, sacerdote da Diocese do Porto em missão de trabalho pastoral em Moçambique, explica que o projeto começou com três valências.
“Para os mais novos há os ‘Amigos das Crianças, com brincadeiras, para tentarmos estar com elas e ajudá-las a ultrapassar alguma coisa menos boa que tenham vivido com a fuga lá de Cabo Delgado”, indica.
“Para os mais velhos temos um espaço de capacitação em língua macua e em matemática, e também para os mais velhos temos aquilo a que chamamos ‘escuta ativa’ que é um espaço de partilha das histórias, boas e menos boas que foram vividas e também com vista a ultrapassar as dificuldades neste processo de guerra em Cabo Delgado”, acrescenta o sacerdote português.
Nacala acolhe quase 22 mil deslocados de Cabo Delgado, a mais de 400 quilómetros de distância, essencialmente mulheres e crianças.
Cabo Delgado é palco, há mais de quatro anos, de ataques de rebeldes armados, alguns dos quais associados ao autointitulado ‘Estado Islâmico’.
O conflito já provocou mais de 3100 mortes e mais de 815 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Zeca Virgílio e Amon Ali, monitores da Cáritas, ajudam as crianças a “rezar, tratar da higiene, lavar as mãos”.
O apoio aos deslocados foi sublinhado publicamente pelo bispo de Nacala, D. Alberto Vera, numa mensagem de março, na qual alertava para a “fome geral” e a “situação de extrema vulnerabilidade” da população.
O padre Mário João assume que “é sempre um desafio ajudar”.
“É interessante ver a evolução das crianças que agora brincam mais, correm mais, saltam mais e já falam português”, relata.
AIS/OC