Moçambique: Bispos temem retrocesso nos acordos de paz

Confrontos entre as tropas do Governo e da Renamo trouxeram de volta o espetro da guerra civil que durante 16 anos devastou o país

Lisboa, 19 abr 2013 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) espera que os combates dos últimos dias entre as forças governamentais e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) não levem a um retrocesso no processo de pacificação do país.

Numa nota veiculada hoje pela Rádio Vaticano, os bispos lusófonos lamentam os incidentes que tiveram lugar no centro da nação africana, em Muxúngue e Gondola, e que originaram oito vítimas, três das quais civis.

Para a Igreja Católica moçambicana, “não há” no território “mais espaço para guerra nem violência” e os acordos assinados entre o Governo, a Renamo e a Frelimo – Frente de Libertação de Moçambique, que colocaram um ponto final a 16 anos de guerra civil, devem ser “respeitados”.

O porta-voz da CEM, D. João Carlos, salienta que “o diálogo mútuo é a única via para pôr fim a qualquer diferendo” e alerta para a possibilidade “dos ambiciosos e ganancioso tirarem partido da instabilidade política”, numa altura em que “têm sido descobertos recursos no país”.

A agência Lusa avança hoje que as negociações entre o Governo moçambicano liderado por  Armando Guebuza e a Renamo (o maior partido da oposição) deverão ser retomadas na próxima segunda-feira.

Esta plataforma de entendimento começou a ganhar forma no dia 13, quando o presidente da República enviou uma carta ao líder da Renamo, Afonso Dhlakamam, intitulada “Necessidade de negociação urgente entre o Governo de Moçambique e a Renamo”.

No centro desta nova disputa está a lei eleitoral promulgada por Armando Guebuza, que reduziu a representatividade dos partidos com assento parlamentar na Comissão Nacional de Eleições e reforçou a presença da sociedade civil naquele órgão.

A Renamo considera que esta medida favorece a Frelimo, atualmente no poder, e coloca em causa a integridade das eleições autárquicas, previstas para 20 de novembro, e das eleições presidenciais e legislativas, marcadas para 2014.

RV/JCP

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Agência ECCLESIA

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