A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) felicitou hoje o governo moçambicano pelas “opções positivas” no combate à pobreza, considerando “haver sinais de esperança, expressas por realizações, acções e atitudes” que promovem a vida no país. Numa carta pastoral divulgada em Maputo, o CEM afirma ter verificado a existência de “numerosos sinais de esperança, expressos por realizações, acções e atitudes que, pacificamente, promovem a vida, como consequência de opções positivas tomadas pelos responsáveis da decisão e da gestão da coisa pública” em Moçambique. Entre “os sinais de esperança”, os bispos católicos destacam particularmente “o espírito de diálogo que conduz à paz, ao fim da guerra e ao compromisso da manutenção da paz” no país. “Saudamos a opção do actual governo da República de Moçambique pelo combate à pobreza, porquanto esta é, ainda, uma forte realidade do nosso país”, lê-se na carta pastoral. “Como consequência dessa opção política, encontramos o melhoramento de algumas vias de comunicação, por via de construção, manutenção e reabilitação de estradas e pontes, a multiplicação das infra-estruturas sociais, com enfoque para a ampliação da rede escolar (…)”, exemplifica. A carta refere ainda como “apreciável a expansão da rede sanitária, umas vezes por iniciativa do Estado, outras com apoio de parceiros diversos internacionais e estrangeiros, alguns destes da Igreja católica”, acrescenta. A pastoral reconhece ainda o esforço do executivo de Maputo pela ”promoção da auto-estima nacional, como uma importante condição para que os moçambicanos assumam a consciência de que eles são os primeiros agentes do seu desenvolvimento e responsáveis pelo seu destino”. Apesar de reconhecer que os moçambicanos devem continuar a aceitar ajuda e cooperação estrangeira, os bispos católicos defendem que “os parceiros (internacionais) não podem substituir-se aos nacionais na construção do bem comum” em Moçambique. A decisão do governo moçambicano de priorizar o distrito como “pólo de desenvolvimento” é também referenciada na carta pastoral como uma das melhores opções para combater a pobreza, por ser ali que vive a maior parte da população e “lá se encontrar o grosso das riquezas naturais”. “Importa louvar o facto de o governo decidir fazer do distrito o pólo de desenvolvimento. Na verdade, é no distrito onde vive a maior parte do nosso povo (cerca de 80 por cento de um universo de 20,3 milhões de habitantes) e lá se encontra o grosso das riquezas naturais. Percebe-se que seja o distrito a base do nosso desenvolvimento”, afirma a CEM. A apreciação dos bispos católicos contrasta com uma manifestação de preocupação da CEM pelo ambiente político “turvo” que se vivia em finais do ano passado no país. Segundo os clérigos, o ambiente que se vivia até finais do ano passado impeliam os cidadãos para um sentimento de “insegurança”, devido à democracia “titubeante e incerta” reinante em Moçambique. Em comunicado divulgado em Dezembro, a CEM afirmava que a sociedade moçambicana estava “mergulhada em mil e um problemas: a pobreza, a degradação dos valores morais e do tecido social, a insegurança, corrupção galopante, desavergonhada e impune”. Já em Junho último, os bispos católicos moçambicanos denunciaram a “partidarização das instituições do Estado pelo partido no poder” em Moçambique, a FRELIMO, e “a coação de cidadãos” para pertencerem a esta força. “Preocupam-nos igualmente a coacção de cidadãos a pertencer ao partido FRELIMO (…). Isto é uma violação dos direitos humanos e é lesivo para a democracia e a paz”, referiram na ocasião. Redacção/Lusa