Moçambique: Bispo de Pemba denuncia «ataques bárbaros»

D. Luiz Fernando Lisboa disse que se «vive ao sabor do medo e da insegurança»

Pemba, Moçambique, 15 jun 2018 (Ecclesia) – O bispo de Pemba, no norte de Moçambique, disse que se “vive ao sabor do medo e da insegurança” devido a série de “ataques bárbaros” ligados alegadamente a grupos radicais islâmicos, na província de Cabo Delgado.

D. Luiz Fernando Lisboa afirmou que os ataques estão a provocar “momentos dolorosos”, com os assassinatos e com o “abandono das aldeias, machambas e da vida normal”.

O mais recente ataque foi registado esta terça-feira, a quatro aldeias na província de Cabo Delgado com relatos de episódios violentos e de, pelo menos, quatro pessoas mortos.

Em comunicado enviado à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o bispo de Pemba contou que se “vive ao sabor do medo e da insegurança” desde outubro de 2017 quando tiveram início uma série de ataques alegadamente de grupos radicais islâmicos.

O prelado tem visitado as paróquias da diocese e procura “levar uma palavra de alento e de esperança” às populações.

“Nos atentados e ataques são os mais pobres que têm sido as maiores vítimas. As pessoas já vivem com tão pouco e o pouco que têm acabam por perder”, revela D. Luiz Fernando Lisboa, adiantando ainda que surgem “muitos boatos e versões dos factos” que contribuem para “um clima de insegurança e imprevisibilidade generalizadas”.

O bispo da capital da província de Cabo Delgado interroga-se sobre a motivação de jovens em integrar os grupos armados e que estarão a ser recrutados nas comunidades afetadas pela violência.

“Que futuro estamos a oferecer aos nossos jovens e como os incluímos na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária”, questionou.

No seu comunicado D. Luiz Fernando Lisboa dá conta de uma região pobre, mas que com a descoberta de muitos recursos naturais tem sido alvo “de uma verdadeira invasão de pessoas de diferentes proveniências, empresas e projetos”.

“Não nos deixemos cegar por preconceitos religiosos, étnicos e políticos. Pelo contrário, formemos uma grande corrente de bons sentimentos, boas práticas, bons relacionamentos, bons conselhos, boas iniciativas… a fim de que a paz, que é sempre um fruto da justiça, volte a reinar entre nós”, desenvolveu o prelado de origem brasileira, responsável pela Diocese de Pemba desde setembro de 2013.

Esta quarta-feira, no dia a seguir ao mais recente ataque, o Governo português recomendou aos viajantes Lusos que “as deslocações se limitem ao imprescindível”.

“Desaconselha-se a permanência nas áreas mais afetadas”, assinala o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As “indicações e conselhos” que “são suscetíveis de alteração a qualquer momento” dão conta de “vários ataques e incidentes graves”, “alegadamente praticados por um movimento insurgente de matriz islâmica”, nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Palma, Nangade, Quissanga e Pemba.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre dá conta ainda de um ataque na aldeia de Naunde onde foram mortas sete pessoas, algumas com catanas, e incendiadas 164 casas, a 5 de junho.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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