D. António Juliasse saudou gesto solidário, que resultou em três mil euros, e enfatizou que, para ajudar, não é preciso ser muito rico, mas abrir o coração
Lisboa, 21 mai 2025 (Ecclesia) – O bispo da Diocese de Pemba, no norte de Moçambique, enviou uma mensagem de agradecimento à portuguesa Sílvia Duarte, pela ação de solidariedade que promoveu no próprio cabeleireiro, em favor do povo de Cabo Delgado.
“Aprendi da Sílvia Duarte que, para ajudar o outro ser humano em sofrimento, só precisamos ter um coração grande, que percebe que o sofrimento do outro ser humano, como nós, nunca nos deve deixar ficar indiferentes”, afirmou D. António Juliasse, na mensagem de voz, divulgada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
O bispo assinala que todos podem e devem estender a mão a quem se encontra geograficamente longe e ser uma presença que faça sorrir.
Sílvia Duarte organizou no dia 13 de maio uma ação de solidariedade no salão de cabeleireiro, situado perto do Estoril Garden, em Cascais, oferecendo as receitas de um dia de trabalho para as vítimas de terrorismo em Cabo Delgado, angariando cerca de três mil euros, entre o trabalho realizado e donativos de pessoas que, não estando presentes, se quiseram associar.
“Foi mesmo um pequeno milagre”, assinalou a cabeleireira, referindo que “mesmo que o valor tivesse sido muito menor, já teria valido a pena, pois o mais importante foi mesmo chamar a atenção dos portugueses para o drama humanitário que se está a viver em Cabo Delgado, onde as populações são atacadas, são forçadas a fugir e vivem constantemente com o coração nas mãos”.
Para Sílvia Duarte, saber que a iniciativa que promoveu vai “ajudar a aliviar o sofrimento de muitas famílias” é “o maior prémio que poderia desejar”.
“Saber que lá longe, em Moçambique, algumas pessoas vão ser socorridas graças a isto, enche a minha alma. Fico feliz só por saber que isto que fizemos permitiu aliviar o sofrimento de alguns irmãos moçambicanos que, estando longe, estão perto do meu coração”, destacou.
O bispo da Diocese de Pemba realça o facto de a ação de ter realizado a 13 de maio, dia em que Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos de Fátima, algo “significativo”.
“Que Nossa Senhora de Fátima interceda junto de seu filho por este povo de Cabo Delgado e todos aqueles que sofrem por causa da guerra e vivem na miséria”, disse D. António Juliasse, terminando a mensagem com a expressão: “Força sempre, Sílvia Duarte”.

Esta é mais uma ação de solidariedade que a cabeleireira tem para com o povo de Cabo Delgado, depois de em maio do ano passado ter realizado uma corrida de atletismo para ajudar a Fundação AIS.
“É assim que a Sílvia faz da corrida e do seu salão de cabeleireiro uma oportunidade de dar um sorriso de alívio a quem o seu coração chamou a pessoa humana, mesmo que seja distante, geograficamente”, referiu D. António Juliasse.
“Para ajudar, não precisamos ser muito ricos e ter dinheiro que não nos faz tanta falta. Precisamos é de abrir o nosso coração, de abrir o nosso próprio salão de cabeleiro”, acrescentou.
O bispo da Diocese de Pemba lembra que em setembro de 2024, aproveitando a passagem por Lisboa, encontrou-se com Sílvia Duarte, para conhecê-la e agradecer-lhe pelas suas “iniciativas simples, mas profundamente significativas em favor de pessoas humanas expostas ao sofrimento no mundo, muitas vezes de forma incondicional e injusta”.
D. António Juliasse salienta que as ações de Sílvia Duarte têm beneficiado o povo de Cabo Delgado e recorda que “os ataques do terrorismo jihadista têm estado, desde 2017, a provocar mortos, destruições e deslocados internos”: “Há miséria e muito sofrimento”.
LJ/OC