Moçambique: Ataques terroristas à vila de Macomia e aldeias agudizam fuga de populares no norte do país

«Os insurgentes chegaram de madrugada e a população está a fugir das suas casas», relatou um jornalista, da rádio diocesana de Pemba 

Foto: ACN

Cabo Delgado, Moçambique, 15 mai 2024 (Ecclesia) – A vila de Macomia e as aldeias de Missufine e Cajerene, em Cabo Delgado, Moçambique, foram alvo de dois ataques terroristas, entre sexta-feira e sábado, que intensificaram a fuga de populações na região norte do país.

“Infelizmente, é verdade e estou muito aflita”, afirmou uma religiosa de Cabo Delgado, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS), confirmando o ataque, em Macomia, que se desenrolou nas primeiras horas de sexta-feira.

Apesar de se encontrar relativamente distante da vila atacada, a religiosa, que não pode ser identificada por razões de segurança, mostrou estar preocupada com a investida e acrescentou estar “com o coração em Macomia”.

“A situação não está nada boa em Macomia. Os insurgentes chegaram de madrugada e a população está a fugir das suas casas”, testemunhou Daniel Eiró, jornalista da rádio diocesana de Pemba, à FAIS, na sequência de mais um ataque dos grupos jihadistas.

O ruído dos tiros obrigou à fuga de centenas de populares, como mostra um vídeo enviado à Fundação AIS, por um sacerdote de Cabo Delgado, em que é possível ver um homem, ainda jovem, com uma menina ao colo, a caminhar apressadamente, a relatar com o telemóvel o que estava a acontecer.

São 5 horas agora, e os malfeitores acabaram de atacar a base militar”, referiu.

Os agressores envolveram-se numa troca de tiros com os militares presentes no quartel local, que se atreveram a atacar a “confiável vila de Macomia”, descreve o jovem.

Esta era uma vila considerada segura pela presença de um contingente das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, mas nem isso impediu o avanço dos terroristas.

“Há um fogo terrível, mas super terrível a acontecer agora na zona de Macomia”, relatava o jovem enquanto fugia.

Precisamos de socorro. Aquela gente [que ainda está] lá precisa de socorro”, apelou, acrescentando que os terroristas “estão com tudo”.

Um outro vídeo, enviado por um sacerdote da Diocese de Pemba para Lisboa, é possível ver pessoas em fuga a carregar o que lhes resta na cabeça.

Mulheres, alguns rapazes e várias crianças caminham apressadamente e, a um dado momento, começam todos a correr, assustados e acabam por se espalhar pelo mato.

No sábado registou-se um outro ataque nas aldeias de Missufine e Cajerene, situadas no distrito de Ancuabe, a pouco mais de 70 mil quilómetros da cidade de Pemba, onde houve testemunhos de tiroteios, populares em fuga e casas destruídas, informa a AIS.

Ainda assim, o ataque mais grave aconteceu na vila de Macomia, que se prolongou durante horas desde a madrugada de sexta-feira até ao início da tarde de sábado, quando os insurgentes abandonaram a região.

Para trás ficou, segundo os moradores, um rasto de destruição e vandalização de casas e infraestruturas, além de corpos espalhados pelas ruas.

Depois de junho de 2020, esta é a segunda vez que Macomia é atacada em grande escala.

A vila de Macomia situa-se na estrada Nacional 1 (N1), que faz a ligação aos distritos mais ao norte, casos de Muidumbe, Nangade, Mueda, Mocimboa da Praia e Palma, pelo que este ataque interrompe igualmente a comunicação por terra aos cinco distritos.

Segundo a Lusa, a província enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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