Missionários digitais

Neste ciberespaço moram hoje milhões de destinatários do Evangelho; também eles com o direito a que lhes seja apresentado o Nome que está acima de todo o nome

Recebi com alegria o anúncio do tema para o 47.º Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Redes sociais: portais da verdade e da fé, novos espaços de evangelização”.

Escrevi “com alegria”, mas posso acrescentar que “sem surpresa”. De facto, vinham-se acumulando os sinais reveladores da crescente atenção da Igreja Católica ao mundo digital como nova terra de Missão. Basta pensar, por exemplo, na Mensagem para o 43.º Dia Mundial, quando Bento XVI pediu aos jovens que levem ao continente digital o testemunho da sua fé, introduzindo na cultura desse ambiente comunicativo e informativo os valores em que assenta a sua vida crente.

Subjacente a este interesse está a convicção de que a cultura mediática e digital “progressivamente se estrutura como o lugar da vida pública e da experiência social” (Instrumentum laboris para o próximo sínodo dos bispos, 59); e ainda que a sua influência pesa sobre a perceção que temos de nós mesmos, dos outros e do mundo.

Esta noção de que estamos mergulhados num outro caldo cultural e não confrontados com meras tecnologias, alterou atitudes: hoje, para a Igreja, a internet não é mais um mero meio de evangelização, mas um espaço a evangelizar, porque aí se exprime também a vida dos homens.

Neste ciberespaço moram hoje milhões de destinatários do Evangelho; também eles com o direito a que lhes seja apresentado o Nome que está acima de todo o nome, como resposta ao apelo de Bento XVI a uma renovada urgência na Missão, nascida de uma caridade que impele a evangelizar.

Precisamos, então, de missionários digitais. Não de meros conhecedores de tecnologias, mas de gente capaz de aí introduzir alma…

Volto ao Instrumentum laboris (62) para o próximo sínodo dos bispos… Mencionando as novas fronteiras do cenário comunicativo em que a evangelização acontece, o documento reconhece benefícios e riscos na internet; mas pede aos cristãos “a audácia de frequentar estes novos areópagos, aprendendo a dar uma valorização evangélica, encontrando os instrumentos e os métodos para tornar audível também nestes lugares hodiernos o património educativo e de sapiência conservado pela tradição cristã”.

Se a evangelização é uma prioridade à qual se deve adequar os estilos de vida, os planos pastorais e a organização diocesana, ao fazê-lo não se esqueçam as redes que precisam de ser humanizadas e vitalizadas…

João Aguiar

 

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Agência ECCLESIA

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