Missionário Combonianos não esquecem refugiados no Darfur

A dramática situação dos refugiados do Darfur esteve presente entre os missionários combonianos que no passado fim de semana peregrinaram até Fátima. Um encontro habitual que deixa saudades pelo convívio, partilha e oração que reune missionários, familiares e amigos que partilham o ideal de Daniel Comboni. A situação do Darfur representou também um convite à solidariedade e à reflexão. Cristovão, do grupo Fé e Missão afirma ao Programa ECCLESIA que a missão em si começa precisamente nas peregrinações “onde se ganha a consciência de que a missão começa por cada um de nós, porque cada um tem muito para fazer”. Estar presente nestas actividades é uma forma também “de partir com os que partem”. Marisa, do mesmo grupo, explica que o seu conhecimento acerca da família comboniana é recente, mas já é uma “alegria imensa estar nesta família. A paz, o amor, a fé e a alegria são uma constante para transmitir aos outros”. Sentimentos partilhado também por Rute, que afirma “que a família comboniana dá sentido ao significado da palavra «família»”. O encontro ganha eco na partilha e nas formas de expressar o carisma comboniano a um vasto grupo de amigos que percebem de forma particular, a realidade das missões. Este ano particular os missionários combonianos associaram, de forma solidária, o ideal missionário aos dramas que atingem muitos nos territórios tradicionais da missão. O Darfur é um desses locais e foi especialmente proposto aos jovens. O Pe. João Costa explica que cada jovem recebeu, particularmente o nome de uma criança e de um jovem ou adulto do Darfur. Ao entrar no Santuário, “eles sentiam que levavam consigo também as pessoas que não conhecem este mundo ocidental”. Rute explica que acompanhou o grupo de jovens na peregrinação e fê-lo no desejo de “comunhão e união aproveitando para ser solidária com os irmãos darfurianos”, acrescentando ainda que “muitos dos que participaram não tinham noção da realidade actual que atinge os refugiados no Darfur”. “O envolvimento dos leigos é essencial” dá conta o missionário comboniano, Pe. Manuel Augusto, “os que estão mais próximos de nós, familiares e amigos, entre colaboradores e benfeitores”. A peregrinação, proporcionando dias de família, “é propícia também para avivar a experiência da fé, o empenho missionário que é recíproco”. O ambiente de festa que envolve leigos e consagrados, foi o culminar de duas caminhadas que simultaneamente os missionários combonianos realizaram. De 24 a 28, dois grupos, um do Norte, outro do Sul, encaminharam-se para Fátima, num total de 100 jovens. Som o lema “Deixa a tua terra, arrisca partir”, para sensibilizar para a causa do Darfur. André Carvalho descreve a sua participação na peregrinação como um momento alto no ano, “esta é uma forma diferente de ajudar os que precisam, caminhando por elas, experimentando o mesmo ao deixar a nossa terra”. Não querendo comparar o sofrimento “é uma pequena parcela do que elas passam”, aponta, referindo-se aos refugiados. “Entrega e cansaço”, assim descreve a Marta, uma peregrina a caminho de Fátima. “Mas a união faz a força, e sente-se que nós estamos unidos e à comunidade do Darfur. Ter em mente o sofrimento que o povo do Darfur passa, ao ter de fugir das suas casas, deixando a sua terra e a sua vida, é a forma de sensibilizar os portugueses para a crise que decorre no maior país africano, o Sudão, em guerra à 46 anos. O Pe. Leonel Claro, missionário comboniano acompanha um dos grupos e refere que este ano quiseram ter presente a situação dos deslocados e refugiados. “O lema remete precisamente para o sair da sua terra, arriscando o novo que não se conhece e enfrentando os campos de refugiados”. Acrescenta que “nós queremos dar um novo sentido de partir para algo melhor, a caminho de uma terra prometida”. Esta peregrinação pelo Darfur não é uma iniciativa isolada. Outras já tiveram lugar e assim vai continuar até Dezembro, porque “quisemos aproveitar a presidência portuguesa da União Europeia e porque percebemos que a questão do Darfur não estava presente na sociedade portuguesa”, admite o Pe. Leonel Claro. Mas em terras de África um genocídio, já muitas vezes denunciado, acontece. Os jovens quiseram juntar a sua voz para que o apelo chegue mais longe. “Aqui percebemos que a nossa dor é muito pequena quando comparada com o que os refugiados sofrem”, admite André Carvalho. Já a Marta sublinha a união através da oração que esta iniciativa desperta, pois a caminhada tem um objectivo – rezar por pessoas concretas.

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