Missão realiza-se em cada cristão e na Igreja local

A universalidade da Igreja só é real se for vivida numa comunidade concreta. João Duque, professor de teologia e cristão leigo, foi ao Congresso Missionário Nacional advertir os participantes para o destino e o fundamento da vocação cristã. “Não tenho experiência no sentido tradicional do termo da missão”, começou por referir o conferencista. Mas, como irá reflectir, a missão não se concretiza apenas além fronteiras. «A missão no coração da Igreja local», título da conferência, aponta “a verdade e o mais importante, o coração é a missão”. João Duque explica que “sendo o coração, a missão deve cuidar-se com afecto porque corresponde à verdade da Igreja”. A ideia de missão e envio “é a noção de liberdade para o ser humano”, explica o professor de teologia. “É preciso dar testemunho de uma alteridade diferente de Deus. Ser missionários significa partir para fora anunciando algo que permanece sempre estranho”. As missões divinas “são também missões do humanos, são dirigidas ao homem”, reflecte o professor de teologia. A missão enquanto característica da Igreja, “não se limita ao envio de cristãos uns aos outros”. A Igreja é enviada ao diferente de si mesmo, ao exterior da comunidade eclesial, e aqui reside o núcleo da dimensão”. Quando falamos de Igreja “falamos de pessoas de carne e osso” e o relacionamento entre as pessoas “denomina a comunidade eclesial”. Qualquer relacionamento entre humanos apenas acontece entre limites de espaço e tempo. Igreja local João Duque aponta que a Igreja local é a que verdadeiramente existe. “A Igreja universal é um aparte da comunidade local, pois toda a Igreja é local. A comunidade base é a paróquia, Igreja comunidade local de carne e osso”, evidencia. A missão do cristão tem uma orientação universal, mas não significa que apenas se concretize quando “todos forem cristãos e de igual forma”. O professor de teologia afirma que “convém manter viva a diferença entre universalidade e totalidade”. João Duque explica que “estamos abertos ao mundo inteiro, na medida que praticamos a abertura na nossa realidade local. Seremos cristãos empenhados na medida em que soubermos o horizonte que interpela”. A forma de a Igreja colocar a missão no seu coração reside nas coordenadas espaciais da Igreja local ou saindo das coordenadas. Missão externa, internamente “Cada cristão cumpre a sua missão, dando corpo à missão da Igreja”. João Duque enfatiza que a missão começa dentro de casa, na família e pede que cada pessoas sai de si. “Cada esposo é enviado ao outro e ambos aos filhos”. “A velha Europa precisa de reaviver esta missionação permanente”, pois a comunidade nunca está terminada. “Os cristãos são permanentemente enviados uns aos outros”, com o objectivo “não de chegar ao grupo que partilha a mesma fé, mas aos que ainda não estão no grupo”. “Se a missão se limitasse à realidade, corria-se o risco de um tribalismo”, facto que anularia a missão da Igreja. João Duque sublinha que na realidade concreta de cada comunidade, “devem surgir orientações palpáveis, credíveis para saírem para fora, sem limites de tempo e espaço. É para o diferente que Deus nos envia”. O que se leva aos outros, “em realidade não é nada”, a não ser o facto de aceitar ser simplesmente enviado. “O que transmitido é o Deus que nos envia, a própria fonte do dinamismo do envio”. João Duque enfatiza que “o missionário leva o simples convite em nome de Deus e não nosso”. Foto: OMP

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