Jovens e utentes desenvolveram relação próxima, ao longo de uma semana de experiência missionária
Albergaria dos Doze, 17 fev 2024 (Ecclesia) – Jovens do projeto católico ‘Missão País’, do Instituto Politécnico de Leiria, pintaram, na sexta-feira, um mural no Centro Social Paroquial de São Simão de Litém, da Diocese de Leiria-Fátima, com mensagens para os utentes.
“A nossa comunidade é a comunidade dos ‘trolhas’. Nós somos chamados a servir e o nosso serviço é restaurar, fazer algo pela comunidade que deixe a nossa marca. Neste caso, neste ano fomos chamados a restaurar o muro. Ele estava totalmente sujo, nós lavámo-lo, pintámo-lo e agora vamos deixar a nossa marca com mensagens carinhosas para os idosos para quando estão na sua varanda conseguirem ver”, explica à Agência ECCLESIA uma das missionárias, Raquel Peniche, de 20 anos.
Durante 11 e 17 de fevereiro, Albergaria dos Doze, no município de Pombal, foi casa dos jovens, que estiveram divididos em comunidades – escolas, lares, teatro, porta a porta e ‘trolhas’.
Ao longo da semana, o mau tempo dificultou a ação dos jovens no muro do Centro Social Paroquial de São Simão de Litém, no entanto no final da semana deu tréguas e permitiu a realização da remodelação, que segundo Isabel Rodrigues, diretora do Centro Social Paroquial de São Simão de Litém, vai poder ser vista pela comunidade que se deslocar ao adro da Igreja.
“Num dos dias de chuva, [os jovens] estiveram com cada um [idosos] a recolher mensagens e pensamentos que cada um gostaria que estivesse ali e isso é também muito bonito, é um trabalho em conjunto”, adianta a responsável.
Joaquina Sousa Canelas, de 86 anos, é uma das utentes do lar, que não esconde a felicidade de ter estado na companhia dos jovens estudantes.
“Gostamos muito. Até está aí um rapaz que disse se nós queríamos ser avós dele e afeiçoámo-nos a ele. Ele é o Tomás, mostra ser bom rapaz, é assim muito conversador e nós gostamos dele, assim como gostamos também muito das outras meninas que aí estão, que elas também são muito simpáticas”, afirmou.
Aos 21 anos, Tomás estuda fisioterapia e decidiu, ao fim de 10 anos afastado da Igreja, participar no projeto da ‘Missão País’ para “perceber o porquê de tanta gente se inscrever e gostar”.
O que não esperava era o impacto que o projeto acabaria por ter: “Apesar de o nosso período aqui ser curto, foi só de cinco dias, a ligação que se construiu [com os idosos] foi muito forte mesmo”.
Logo desde o primeiro dia, eu comecei a tratá-las por avós, elas a tratarem-me por neto […] Nem eu estava à espera de, de repente, em cinco dias ter uma ligação tão forte com alguém que nunca tinha visto na vida, por isso foi muito bom”.
Isabel Rodrigues não imaginava que os laços entre os idosos e estudantes se revelassem tão fortes e que até os utentes estão surpreendidos por terem conseguido “de alguma forma chegar ao coração dos jovens”.
“E eles ontem diziam-me: ‘Mas eles choram tanto, eles são tão emotivos’. É sinal que o coração está a transbordar”, salienta.
Além de ter ganhado duas avós e amigos, Tomás confessa que se redescobriu e entendeu “melhor o que é a Igreja” e que “a religião é amor”.
“Apesar de ser longe da minha terra que é Rio Maior, espero voltar com certeza a este lar”, desejou.
Amor, esperança, família, saudade, fé e gratidão são algumas das palavras gravadas no mural, com as cores do projeto ‘Missão País’.
A experiência missionária, que tem como objetivo levar Jesus às Universidades e evangelizar Portugal através do testemunho da fé, do serviço e da caridade, contou este ano com 4000 jovens e 69 missões em 57 faculdades diferentes.
LJ/OC