D. Rui Valério diz que uma «sociedade renovada» constrói-se com «generosidade, espírito de entrega e serviço» dos jovens missionários
Lisboa, 09 mar 2024 (Ecclesia) – Teresa Lobo, que pela primeira vez participou numa Missão País, disse à Agência ECCLESIA que o segredo está na união e na entrega que se vive numa semana e no entendimento de “encaixar essas ferramentas no mundo”.
“O segredo da missão é a união de todos em torno de um Deus, uma só missão de sermos voluntários, e colocarmos o próximo como sentido”, explica a jovem no final da Missa de Ação de graças pela Missão País 2024, que decorreu no mosteiro dos Jerónimos.
“Sou caloira, quero fazer as missões que puder. A quem ainda não fez a missão aconselho a entregarem-se com fé e de braços abertos”, avançou ainda a jovem entusiasmada.
Cerca de 4 mil missionários, espalhados em 69 localidades em Portugal continental, Açores e Madeira, concretizaram o 21º ano de Missão país.
José Menezes lamentava ter participado na sua última missão, através da Faculdade de Letras, de Lisboa, e elegia a alegria e a amizade que se gera num grupo de estudantes: “Um grupo de jovens juntar-se uma semana para missionar é muito engraçado e custa largar agora. Viver isto em comunidade, transmitir esta alegria para as outras pessoas, é incrível”.
Martinho Fonseca esteve na Azambuja numa missão pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, deixava o convite para que outros possam viver a missão: “Vivam a missão, aproveitem e transmitam a fé que nos comove, que nos junta. Desprender do dia a dia, da rotina e aproveitar, que nos pede uma entrega total”.
Lourenço Santos, que esteve no cadaval, pela faculdade de Medicina, assegurava chegar a Lisboa “com um coração diferente”.
“Venho para o meu dia a dia com um coração diferente. A missão ajuda a tentar transmitir o que vivemos lá, e trazer para a nossa casa e para a escola, e partilhar com outros”, explicou.
Leonor Murteira, que integrou a equipa de cinco elementos que compôs o hino da missão país 2024, não escondia a alegria de ver a composição cantada entusiasticamente e rezado ao longo de cada semana.
“Um processo longo mas muito giro e de aprendizagem. Fomos um grupo de cinco amigos que se juntaram no verão e cada um foi dando a sua parte. Rezar o Evangelho e conseguir transformar em música foi muito bom. Perceber as coisas a tomar corpo, rezarmos a letra do hino ao longo da semana é muito gratificante”, ilustrou.
Os chefes nacionais de 2024, que no mês de abril entregam a pasta, dão conta do projeto que cresce e quer chegar a novos lugares.
“O convite aos próximos missionários é continuar a sonhar alto e sonhar grande. Ambicionamos continuar a chegar a todo o lado que pudermos e junto de quem nos quiser receber. Essa é a maior ambição: chegar a todo o lado. Vamos recebendo várias propostas e pedidos para ir a novas localidades e a novas Faculdades. Essa é a nossa projeção para os próximos 20 anos”, assegura Maria Rocha e Melo.
Pedro Rodrigues fala em sementes que se tornaram visíveis com a “celebração no Mosteiro dos Jerónimos cheio” e com o convite de continuar a missão todos os dias.
“O grande desafio é perceber que não é preciso tirar uma semana do nosso ano e ir para uma localidade remota para missionar. Começa em casa com pais e irmãos, em coisas simples. Podermos usar a cruz e o gesto diário de a colocar ao peito, faz relembrar isto”, assegura o chefe nacional.
O patriarca de Lisboa presidiu à celebração de ação de graças e à Agência ECCLESIA, afirmou a Missão país como construtora da solidariedade que o mundo precisa.
“Em termos de sociedade renovada, este é o caminho. Contrariando a lógica do egocentrismo, do lucro em benefício próprio, estes jovens estão a proporcionar um caminho de sociedade construída sob a solidariedade, sob a necessidade de cada um sentir que o que é, o que tem, o que possui. Isto é património de todos”, assegurou.
“Os jovens demonstraram que com a generosidade, espírito de entrega e fundamentalmente com o ideal do servir gratuitamente, é possível presenciarmos sucessivos e multiplicações de pães que vão acontecendo no nosso país. Quando na sociedade civil este critério e princípio forem atualizados, muitos dos nossos problemas, verdadeiramente, serão resolvidos, porque mergulharemos numa dinâmica onde não há regiões mais ou menos desfavorecidas, classes mais ou menos consideradas”, acrescentou.
LS/PR