Missa «com história» na serra algarvia

Os habitantes da serra do Caldeirão vestiram-se com uma indumentária tradicional e foram à missa. Os habitantes da serra do Caldeirão vestiram-se com uma indumentária tradicional e foram à missa. “Quisemos mostrar como as pessoas iam às celebrações no final do século XIX e início do século XX” – disse à Agência ECCLESIA Márcio Rodrigues, da «Associação dos Amigos de Cortelha» que pretende divulgar as tradições da Serra do Caldeirão. No passado dia 12 de Fevereiro, na Igreja de Salir (Loulé) viveram a missa tradicional algarvia. Esta eucaristia teve a particularidade de que todos os elementos do Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão “trajaram a rigor e tiveram um papel muito activo nesta celebração”. Os cânticos e as leituras da eucaristia ficarão a cargo destes e o som da viola foi trocado pelo som dos acordeões. Este, tanto nas actuações como nos trajes, “representa as tradições desta zona rural do interior algarvio” – sublinha este elemento da associação. Para além deste iniciativa, o Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão não quer deixar que a tradição das Janeiras fiquem no esquecimento. “Fazemos também as janeiras de porta em porta” – realça. Nestas lições de história, os elementos do grupo vestem-se como os seus antepassados. “O tirador da cortiça não podia ser esquecido porque representa o que foi a vida da população naquela altura e porque temos da melhor cortiça do mundo” – lembra Márcio Rodrigues. Para além do homem que ganhava a vida com o suco do sobreiro, o elemento da «Associação dos Amigos de Cortelha» acrescenta que “vestimos a rigor” o homem que apanha o medronho – “temos uma aguardente muito característica da nossa zona” -, o moleiro – “existem muitos moinhos de vento e de água” e a padeira que labora o pão “nos fornos a lenha como antigamente”. Nesta cerimónia o grupo “mostrou que o folclore e a etnografia não são só dançar, existe uma série de tradições que se devem manter e mostrar às pessoas, proporcionando assim um Domingo diferente na Serra do Caldeirão”. E recorda: “antigamente os fatos mostravam a diferença de classes (os abastados e os trabalhadores)”. Nas cerimónias religiosas, as pessoas “levavam o melhor fato” – afirma. Em 2005, o grupo efectuou esta representação na Igreja de Barranco Velho (zona da associação) mas “tencionamos levar esta missa tradicional a outras igrejas do concelho de Loulé”. E adianta: “até ao momento os padres acolheram-nos de braços abertos”. Para que as tradições da Serra do Caldeirão não morram, este grupo participa também no concurso de presépios promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. “Em 2004, construímos um presépio todo em cortiça e ficámos em primeiro lugar” – apurou o Márcio Rodrigues. Em 2005, esta iniciativa não teve os moldes de concurso mas a associação participou porque “ queremos divulgar o interior algarvio”. No próximo sábado (17 de Fevereiro) realizar-se-á, em Vila Real de Santo António, a entrega dos prémios de participação neste evento. Com a realização destas actividades, a «Associação dos Amigos de Cortelha» pretende também combater “a desertificação que aflige esta zona”. Sendo o Algarve uma terra de Turismo, o grupo deseja que o turista não fique somente nas praias e “venha à nossa Serra do Caldeirão”. E conclui: “realizamos um festival de folclore e uma mostra gastronómica de petiscos desta zona”

Partilhar:
Scroll to Top