Misericórdias devem manter identidade cristã

A celebração dos 508 anos de fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, assinalados esta segunda-feira, foi ocasião para recordar a identidade cristã desta instituição. D. Carlos Azevedo, Bispo auxiliar de Lisboa, disse, na celebração Eucarística que teve lugar na igreja de São Roque, que as misericórdias devem ser orientadas “pelo sentido cristão da vida” e que, se alguém pretender o contrário, “deveria inventar outras instituições, criar outras organizações”. “Como associações de fiéis, que na maior parte ainda são, todo o seu agir não serve interesses fora do único objectivo de estar próximas de toda a miséria humana, colocando toda a capacidade dos seus bens na vontade de obter qualidade de vida para quem mais dela mendiga”, afirmou na sua homilia. O Bispo auxiliar de Lisboa frisou que “quando as misericórdias atendem aos pobres e doentes respondem às perguntas sobre Deus com a dignidade e o respeito pelos filhos que Deus ama”. “Esta é a razão da criação das misericórdias, este é o sentido da sua existência”, assegurou. Aos presentes, D. Carlos Azevedo lembrou que “a visibilidade do bem operado não é espectáculo de caridade-negócio, mas tantas vezes perda desgastante na resistência da esperança”. A sua homilia girou em torno da celebração do Dia da Misericórdia e da festa litúrgica de São Tomé, apóstolo conhecido por ter duvidado da ressurreição de Jesus. “Não podemos esquecer que as obras de misericórdia se inspiram numa página do Evangelho, onde Jesus também responde a dúvidas, quer dos praticantes do bem como dos omissos no amor”, disse o prelado. A missão da Santa Casa começou por ser tratar dos doentes, dos presos, dos necessitados e dos órfãos. Hoje em dia, toxicodependentes e seropositivos são alguns dos novos necessitados que as misericórdias apoiam. A principal fonte de rendimentos da instituição é o jogo que, em 2005 valeu mais de 720 milhões de Euros à Santa Casa. “Firmes na longa e visível acção da Santa Casa da Misericórdia, Deus vos inspire sempre novas soluções para ir ao encontro das chagas abertas nas vidas dos que sofrem. A inspiração cristã dos vossos gestos generosos seja resposta verdadeira a quem duvida do amor de Deus por cada criatura”, concluiu D. Carlos Azevedo.

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