Misericórdias desafiam Estado como parceiros incontornáveis

Congresso nacional quer confirmar futuro e modernidade «A partir de Braga, queremos afirmar as Misericórdias Portuguesas como parceiros incontornáveis no contexto social, obtendo por parte do Estado o devido reconhecimento », afirmou, ontem, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), no lançamento do programa do VIII Congresso Nacional das Misericórdias, que vai decorrer de 31 do corrente a 2 de Junho, em Braga. Manuel de Lemos pretende que o congresso seja mais um marco na já longa vida das Misericórdias em Portugal e que, das suas conclusões saiam orientações precisas sobre a actuação futura daquelas instituições. O representante das Misericórdias sublinhou a necessidade da promoção da necessidade de modernização que vai começar pela própria UMP e que, pretende ver estendida, a todas as Misericórdias do país. «Os novos caminhos das Misericórdias passam sempre pela defesa dos seus valores centenários, sempre numa linha de modernização», asseverou Manuel de Lemos, indicando que o tema central do congresso é “Modernidade e boas práticas”. Como resultado do congresso, para vencerem os desafios do futuro e de uma cada vez mais exigente economia social, o presidente da UMP espera que as Misericórdias passem, ainda mais, a «actuar em grupo, formar lobbie, comprar em conjunto e adoptarem mecanismos de gestão profissionais». Nunca se cansando de sublinhar que o Estado tem de olhar para as Misericórdias como um parceiro social, Manuel de Lemos assegura que a história assistencial à população lhes garante a «confiança das comunidades» na sua actuação. Na sua óptica, as Misericórdias não podem ser encaradas como instituições que pedem esmola ao Estado para dar assistência social às populações. «O Estado tem de olhar para nós, para o que fazemos, para as nossas potencialidades e apoiar-nos, não por caridade, mas por dever», frisou o responsável da UMP. Destacando que, o futuro passa pelo sector social, «Portugal não precisa de inventar nada neste domínio, porque tem instituições que trabalham há já 500 anos», afirmou Manuel de Lemos. No domínio das competências, o representante das Misericórdias em Portugal não concorda que aquelas instituições sejam vistas como uma ponte intermédia entre a assistência social pública e a privada. «Somos complementares ao Estado e alternativa aos privados », afirmou Manuel de Lemos, dando como exemplo a assintência ao nível da saúde. E concretizou: «somos complementares ao Estado, não porque ficamos com o que o Estado não quer tratar, mas porque fazemos melhor e mais barato que o próprio Estado». Congresso quer ganhar na visibilidade Manuel de Lemos confessou a sua satisfação por ser Braga a acolher o presente congresso nacional das Misericórdias. O responsável da UMP disse que, sendo Braga «uma cidade jovem, moderna e com uma espiritualidade vincada», não poderia ter sido escolhido um melhor local para debater o tema da modernidade nas Misericórdias. A organização do congresso aposta na visibilidade que o evento terá por parte da comunicação social para levar longe a imagem de «força, competência e bem-fazer» das Misericórdias em Portugal. Por outro lado, a nível interno, o congresso quer reforçar a coesão das Misericórdias em torno da sua União, para que façam dela um «interlocutor forte, o seu rosto perante o Estado e a sociedade », afirmou Manuel de Lemos. É que, isoladas – frisou o mesmo responsável – cada uma das instituições é um elemento «frágil, fácil de quebrar e que pode ser colocada de parte sem que façam caso da sua voz». Caso se agreguem em torno da UMP, as Misericórdias formam um conjunto muito mais robusto, com uma voz que ninguém poderá ignorar, acrescentou. «Falar da união é fácil, praticá- la é que é mais complicado », salientou, contudo, Manuel de Lemos, acrescentando que tal união, para que resulte, «implica cedências, num exercício contínuo que tem sido já realizado». Governantes e especialistas presentes Os trabalhos do congresso começam no dia 1 de Junho. Para o dia 31, quinta-feira, está preparada a primeira “manifestação de força”, com um grande desfile das Misericórdias do país, que ostentarão as suas opas e bandeiras por várias ruas de Braga. Nesse mesmo dia tem lugar a sessão solene de abertura do congresso, que será presidida pelo ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, em representação do Primeiro-ministro. Após a cerimónia, o Arcebispo de Braga e também Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga preside a uma missa na Sé. Ao longo do programa de trabalho, vários governantes e especialistas nacionais e estrangeiros vão proferir comunicações sobre temáticas como o envelhecimento, cuidados continuados de saúde, um novo modelo organizacional para as Misericórdias, e a relação destas instituições com o Poder Local. A sessão solene de encerramento vai ser presidida pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e abrilhantada musicalmente pelo grupo coral da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde e pelo grupo de violinos das crianças da Academia de Música da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, que interpretarão o Hino das Misericórdias.

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